Desde a gruta, desde o bicho, desde a carne.
Assim se dizem as coisas. Assim se fazem as casas.
Assim se fecham as portas. Assim nos doem os dias.
Ombro a ombro, cara a cara, beijo a beijo.
Assim se fez o amor. Já não se faz o amor.
Resta a pedra sobre a pedra e a porta sempre fechada.
Cresce a erva, estala a cal, e o silêncio da ferrugem
é o sangue contra o sono. São os óxidos do tempo,
são as lágrimas viúvas, nevoeiros à desfilada
na garupa das cidades. Quase mortas as cidades.
Licínia Quitério
4 comentários:
Como deve ser
quase perfeito
o teu poema
e se fosse
seria para mim uma desilusão
Tempos de solidão,de decadência mas também de resistência!
Belo o ritmo do teu poema, bela a foto que o ilustra.
Beijo
... e no entanto por entre as cidades (quase) mortas ouve-se o grito de pedras vivas.
belíssimo teu poema.
beijos
E no entanto ainda cresce alguma cor entre as pedras.
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