25.1.13

VIVE


Arrima-te. O tronco vive erecto à flor da terra. Abraça-o. Rodeia-o. Dança, contradança, clama, reclama. A floresta inteira escuta o teu rumor, o teu rancor. Alonga-te, prolonga-te, ri no sol e na sombra, aplaude a fornalha e a geleira, o negrume e o alumbre. Admira-te, decepciona-te, insulta e abençoa. Explode em raiva e tomba em desalento. Reergue-te. Tu és o fulcro da alavanca e a alavanca. És o fulgor do metal e és o óxido. Incendeia-te. Acalma-te. És o carro do fogo e o de Poseidon. És o sim e o não de todas as misérias. És um homem e a sua solidão. Sobre o tudo e o nada, vive.

Licínia Quitério 

4 comentários:

Mar Arável disse...

Tudo se move

até a sombra das árvores
Bjs

Justine disse...

Somos tudo, se o soubermos ser...
Belíssimo texto, amiga!

Manuel Veiga disse...

muito belo. uma paleta de emoções na (des)harmonia da vida...

beijo

M. disse...

Litania da existência.

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