10.5.13

SETE


Com sede nomeio o cais e os sete barcos velhos com sete homens que chegaram por sete estradas desertas que a água lhes foi levada para sete cofres fortes fechados a sete dores sete vezes tantas vezes quantas as vozes caladas quantas as bocas seladas com sete selos de raiva em sete salas de breu
Com sede digo gaiola e o pássaro fugido e o pássaro colorido com sete penas de jaspe com sete penas de fogo
E a gaiola doirada escancarada e inútil como o cofre aferrolhado com sete chaves de cinza com sete chaves de sangue
Vai o pássaro voando com sete espigas no bico sete grãos de liberdade para sete homens que chegaram ao cais onde barcos velhos se perderam na saudade

Licínia Quitério

4 comentários:

Mar Arável disse...

Velhos não

jovens com experiência

Bj

Manuel Veiga disse...

sete lanças, sete dores...

belo. sempre

beijo

Justine disse...

Quase como uma lenga-lenga, tem um ritmo espantoso, este teu texto! Para além de tudo o resto que também tem:))))

M. disse...

A força das palavras, a luz lindíssima desta fotografia e o voo do pássaro.

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