19.6.13

CORRENTES


Quantos elos nos prendem, 

nos impedem, nos mutilam? 
Com as correntes vamos, 
por força de ventos e marés 
de escárnio e maldição. 
Contra as correntes vão os pulsos 
e deixamos o sangue escorrer 
e refazer a pele dos dias 
com suas noites dentro. 
Além dos pulsos há as mãos 
a prender outras mãos, 
a fabricar outras correntes, 
amáveis laços, ternurentas penas, 
força de amor e desamor, 
respiro ondulante, graça, vitória, 
do fogo ao ferro, do ferro ao sol, 
inexplicavelmente.

Licínia Quitério  

6 comentários:

Anónimo disse...

Gostei muito: "do fogo ao ferro, do ferro ao sol". Uma bonita construção.
Eduardo Leblanc

M. disse...

Assim a vida.

Mar Arável disse...


Nem todas as correntes
nos prendem
quando o vento entra
pelas nossas janelas escancaradas

Mel de Carvalho disse...

estimada Licínia, leio-a desde sempre e, invariavelmente, me agrada vir até aqui.

deixo-lhe um beijo, o meu carinho, o meu agradecimento pela partilha

Mel

Manuel Veiga disse...

laços e nós. tantas vezes lassos...

quantos se revelam fecundos...

beijo

Maria disse...

Assim é!

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