26.6.13

TÃO POUCO FOI



Tão pouco foi o que mudou. A porta ainda a mesma, com seu chiar nos gonzos, seu gemer de cansaços. O céu semeia oiro ou água ou vento, a endoidecer as virgens, a agoniar os velhos. Bem vês, pequena é a mudança. A farinha ainda é pão e o pão é corpo e o corpo é alimento da vontade. Os sonhos continuam, talvez mais imprecisos, mais voláteis, e as vigílias mais longas, a segurar as pedras na encosta. Se queres saber do sobressalto dos pardais, posso dizer-te que já não bato as palmas, que aprendi o sossego das ramadas. Solto os braços, embrulho-mna tarde, abro o livro. Um novo conto há-de começar.

Licínia Quitério

2 comentários:

Mar Arável disse...

Tudo é sempre tão pouco

Bj

Manuel Veiga disse...

breve. como a brisa...

que as tardes te sejam serenas!

beijo

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