1.12.14

ROSAS DA NOITE



São as rosas da noite que te embalam o sono, te segredam promessas de adornar a árvore dos dias. Rosas a preto e branco, rosas descoloridas, magníficas rosas, simetrias radiantes, invisíveis na claridade das ruas, na penumbra das casas. Só no chão das noites se alimentam, na poeira acidulada dos leitos,  e sobem, sobem, rodopiam, entrelaçam silêncios, dançam histórias sem princípio nem fim, dizem-te dorme, dorme, o teu sono é a nossa vida, o nosso tempo. Amanhã recordarás um tilintar de loiça fina, a despertar-te, e um doce aroma a inundar-te as horas. Dirás de goivos, de laranjas, de jasmins. Não saberás das rosas que vivem nas paredes das noites, rosas loucas, rosas de carne, impossíveis flores no estrépito diurno.

Licínia Quitério 
 

4 comentários:

MEmília disse...

Ganhei o dia com estas rosas da noite. Um beijo a quem as fez chegar até mim.

Anónimo disse...

Lembrei as rosas do deserto.
As palavras lembram-me de ti, sempre! o que sei, o que adivinho e o gosto de te ter encontado.
Bjs da bettips

Manuel Veiga disse...

rosas generosas e altivas - que iluminam a frontaria das catedrais e a alma dos homens...

muito belo

beijo

Graça Pires disse...

Maravilhosas, as rosas e as palavras.
Um beijo Licínia.

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