Pode o poço secar.
Eu puxo a corda e espero.
O balde retorna à minha mão.
Pode o poço secar e então? O balde
É que me traz notícias da fundura.
Aqui em cima tudo desistiu.
Já ninguém tenta a travessia.
Lá em baixo há o cofre das sementes
Em sossego até que o corpo
Da demência se desfaça.
Daqui da superfície
Eu vou puxando a corda
Que me liga ao balde
Que me traz notícias
De areias secas
De sementes dormentes
Pacientes.
Eu espero.
Licínia Quitério
2 comentários:
Ai de nós sem sementes
Não és pessoa de desistir... A água sabe disso. E as sementes também.
Um beijo, amiga.
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