Todos temos um rio que nos navega.
Um rio que nos promete travessias.
E nós lá vamos margem fora,
aquela onde nascemos,
o nosso olhar a projectar navios que vão e vêm,
pequenos, grandes barcos,
a cada um sua estrada de espuma,
todos prenhes de histórias de pescadores da fome,
de mercadores da gula,
de sonhadas perdições e achamentos.
Esse rio nos ensina a direcção do vento,
a força da corrente,
o oiro dos areais,
a fundura abissal,
a escama que brilha, rebrilha.
É esse rio, sina deste corpo, cor desta saudade,
que nos segreda:vai,
na outra margem há um país.
Licínia Quitério
2 comentários:
Um grande beijo, Licínia.
Rio-poema-comum, de gente encontrada no riso.
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