28.3.17

ANDANÇAS



A corrida do fio da fonte, a brilhar, a devolver as cores do céu, das árvores, dos montes, como se dissesse arco-íris, silêncio murmurante.
O assobio do canavial, flauta de vento a ameaçar invernos no avesso das primaveras.
O soluçar dos campos pela ausência dos que partiram em direcção a um novo verão.
Os bocejos dos homens, sentados nos bancos do outono, a contarem as folhas caídas, os dias amortecidos.

Andanças, porque de danças se faz o nosso andar, de mundo em mundo, o que pisamos e o outro que sonhámos e, de tanto sonhar, nos fatigámos.

Licínia Quitério

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