Na aragem da manhã um assobio
a soletrar a-bril no meu ouvido,
a deixar-se prender, a deixar-se embalar,
a relembrar a sua e minha história,
assim como quem conta -
Era uma vez um mês
que inaugurou os anos do deslumbre,
um caldo de alegria a transbordar
dos corações à rua.
Um mês que foi um ano inteiro,
pouco mais
que as serpentes voltaram do deserto
a entorpecer o a-bril da claridade.
O seu pulmão de sol adoeceu.
Mil vezes resistiu à sombra
e à calúnia.
Mil vezes alteou o som
da liberdade.
Envelheceu Abril e eu envelheci.
O assobio da manhã no meu ouvido
ficará
até que eu deixe de pensar -
Minha flor maior,
meu a-bril, meu a-mor.
Licínia Quitério
3 comentários:
Muito belo!
Teu Abril e meu Abril.
Tão belo, Licínia. Tens dentro de ti as palavras à solta para falar do dia da Liberdade...
Uma boa semana.
Um beijo.
Roubem-me tudo menos as boas memórias
Bj
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