19.9.21

REGRESSO

 Não há regresso. 

Escusas de  dizer eu já fui assim e assim hei-de regressar.

Confortas-te a pensar no sorriso que foste,

no olhar sempre aberto,

pricipalmente nas mãos de luar.

Dizes, tudo volta a ser o que já foi.

É só esperar o vento suão. 

 

Não te iludas, eu aprendi há pouco,

disse-te, não há regresso.

Quando tudo parece caminhar em frente

até fechar o círculo,

eis a rocha que estala,

o sopro que arremessa

e tudo fica igual a nada

apenas porque o tudo e o nada se contêm.

 

Só há regressos simulados. 

Aprendi há pouco, eu avisei-te.


Licínia Quitério



1 comentário:

Graça Pires disse...

Os regressos acontecem dentro de nós quando o coração os acha legítimos...
Escreves sempre tão bem, minha Amiga Licínia.
Adorei o teu romance "Mala de porão". Não o larguei enquanto não acabei, tal foi o entusiasmo com que o li. Tens uma narrativa muito atraente que nos leva atrás dos personagens. Gosto do teu estilo inconfundível.
Cuida-te bem.
Uma boa semana.
Um beijo.

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