Notícias da Resistência:
As chuvas persistem em inundar a planície.
Quando as águas se retiram e descem aos vales sombrios, ficam estranhos desenhos de dores entrecruzadas.
Os aprendizes de adivinhos escrevem o passado nos jornais que ninguém lê.
Na casa, os móveis continuam a estratégia do pó para iludirem os antigos olhares.
Em quartos alugados, dizem-se palavras clandestinas e muitas mulheres as recebem nos colos remoçados.
Os poderosos insistem em abrir estradas de breu onde as formigas exaustas se suicidam.
Última hora:
Uma jovem planta de acanto, prestes a dar à luz, pediu asilo a uma mata de castanheiros. Deles, o mais velho e mais sábio ordenou que lhe dessem uma beberagem verde.
Nota de rodapé:
Aqui na Resistência chamamos-lhe Xarope de Utopia. Usamos e abusamos.
Licínia Quitério
16 comentários:
é nesse uso e abuso que exercitamos a magia perfeita da infância.
abraço
Palavras clandestinas. Palavras com o cheiro interdito da mutações. Palavras com sinais de fuga... Um belo texto Licínia. Um beijo.
Não há onde ir buscar, o xarope da Utopia, a não ser dentro de nós, não é?
(O teu texto trouxe-me à memória "A invenção do amor", do Daniel Filipe)
Tenho uma surpresa lá no meu blog. Espero que goste.
Áté amanhã se Deus quiser.
"Os poderosos insistem em abrir estradas de breu onde as formigas exaustas se suicidam"...
... até as formigas sentirem os efeitos do Xarope da Utopia!
boas notícias as tuas.
sempre!
beijos
Querida Licínia,
As tuas palavras doces são cada vez mais enleantes e surpreendentes. Que bela essa aventura.
Aproveito também para agradecer as tuas visitas.
Tenho sadades.
Um beijo,
José Fanha
PS. Que é feito do Vasco Pontes que está calado há uns tempos?
e como é preciso resistir...
a imaginação no seu auge. um beijinho
Interessante, esta postagem.
Gostei.
Um abraço.
O texto agradou-me deveras!!
Um abraço.
e de repente transporto-me, nas tuas palavras mágicas
Pelo sonho é que vamos
Abusemos.
O teu noticiário traz a esperança em forma de xarope verde. Bebamos.
Réstea de verde utópico, tomar em doses exageradas.
E as papoilas resistentes nas bermas e separadores das autoestradas? Por Santarém adiante, vermelho espantado e alegre.
Tomar sempre, com amigos perto, se possível.
Bjinho
Precisamos urgentemente de também nós pedir asilo a uma mata de castanheiros e beber um pouco de xarope de utop+ia.
Um poema de encantar e de cantar a necessidade de sonho e liberdade.
Maria Clara Pimentel
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