A casa sempre estala
que não há outra forma
de, no gelo da terra, perdurar.
Depois há os incêndios dos sonos breves
a tatuar na cal escorpiões,
crescentes de lua,
asas de borboleta,
algumas palavras sem vogais,
inesperadas simetrias.
Assim a grande casa,
monumental ruína,
livro do princípio com uma página em branco.
Alinhados permanecem os ninhos
de onde partiram todas as aves
no cinismo dos calendários.
A luz a justifica,
a define, a revela, a oferece
ao braço redentor do esquecimento.
Nada mais a dizer.
Licínia Quitério
28.7.08
A CASA
partilhado por Licínia Quitério às 7:23:00 da tarde
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14 comentários:
pois eu digo:
a casa também é o sítio do poema.
um beijinho.
A casa é luz sem cal na tua memória, Licinia.
E está escrita com a traça simples das coisas intemporais.
Um beijo
Muito bom, este seu poema.
Bjs
A casa: uma força que nos situa.
Belas palavras, Licínia.
Beijinhos
Ainda que estalando, ou em ruína, a casa é o que fomos, a raiz. Sei uma casa assim e vi-a no teu poema.
A casa, o punto de encontro e saída...
A imaxe fascinoume.
Beijinhosssss.
:)
Poderoso!
A casa, mesmo abandonada, vencida pelo tempo, gasta e velha, enche-nos de lágrimas, de calor, de vida, de mistério: é isso a casa. Poema bom, triste embora, mas é a casa da vida no dorso do mundo em que vivemos.Em que morremos.
Eduardo Aleixo
é casa é lembrança nas tuas palavras tão poéticas.
A casa a estalar pela ausência. Planta um canteiro de alecrim para que a visitem... O teu poema é lindíssimo. Um beijo Licínia.
Perante um texto tão belo,tão prenhe de sentidos e imagens, pouco ou nada há a dizer a não ser obrigada por o teres escrito assim!
As ondas do teu pensar
veleiro e varanda
casa-mar-é.
A tua, onde encontramos (nos)
a cal do tempo entre dedos.
Bjinho
casas que nos habitam. e fecundam. cal esboroada nos dedos. bálsamo para os dias que nos consomem...
belíssimo.
beijo
"Alinhados permanecem os ninhos
de onde partiram todas as aves
no cinismo dos calendários."
muito belo este poema.
cordeais saudações
Mel
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