7.10.09

SUAVE A CHUVA

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A chuva cai e eu sou uma frase que experimenta voar.
Lágrimas de deuses aprisionados nas nuvens.
As oliveiras tremem e o violoncelo chora no leito dos amantes.
Como se não houvesse barcos para o amanhã e o teu rosto
fossem as últimas maçãs do ramo. Suave a chuva.
A liquidez da tarde e eu esquecida do estrépito da escrita.

Licínia Quitério

18 comentários:

Paula Raposo disse...

Belíssimo!! Adorei o primeiro verso...beijinhos.

Graça Pires disse...

"Como se não houvesse barcos para o amanhã e o teu rosto fossem as últimas maçãs do ramo"
Lindíssimo, Licínia.
Um beijo

mariabesuga disse...

eu cemi-cerro os olhos e deixo-me voar dentro das palavras livres...

um beijo daqui.

Maria disse...

Passeei-me à chuva pela areia molhada, deixando que a espuma das ondas me lambesse os pés.
Sinto-te em estado líquido...
:)))

Beijo, Licínia

Alberto Oliveira disse...

... esta tua carta apanhou-me desprevenido. Que é como quem diz: sem ter trazido o guarda-chuva. Nem imaginas o estado em que me encontro. Encharcado até aos ossos e por cada passo, até chegar às tuas letras, os sapatos a fazerem chap-chap no chão da escrita, alagado até ao texto. E como isto não bastasse, ameaças que és "uma frase que experimenta voar"...
Tem um bom dia. De sol.

Legível.

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Atenta no primeiro verso , ele todo um verdadeiro, ou melhor , o verdadeiro poema !
abraço!
_______ JRMARTO

Anónimo disse...

bom reencontrar palavras tão suaves.
um abraço fraterno.

batista

Justine disse...

Suave o teu poema. Mas há nele um fulgor fatigado, um frémito de lassidão. Uma espera. Uma esperança?

M. disse...

Posso dizer outra vez "Que bonito!"?

Akhen disse...

Passei por acaso.
Li e gostei. Gostei dos quadros que pintamos no nosso consciente, por cada verso que li.
No conteúdo total, lembrei-me de umas frases que li, não sei onde. Interessa se elas se arquivam dentro de nós.
"Um poeta leva um amigo a admirar uma paisagem fabulosa, daquelas que a natureza, por veses, nos oferece.
Pergunta-lhe: A natureza é ou não é uma pintora maravilhosa. Que me dizes desta obra de arte?
- E depois, responde o amigo, é muito lindo, mas onde estão as legendas."

Lídia Borges disse...

Retenho:
"A chuva cai e eu sou uma frase que experimenta voar.
Lágrimas de deuses aprisionados nas nuvens."

Um poema feito beleza pela liquidez dos versos.

Um beijo

Arábica disse...

Tão suave e doce a chuva, neste Outono ainda quente, onde voas!
E a Clarisse,por onde voa ela?
:)

Beijinhos com sol! :)

bettips disse...

Veio o calor e a mesura,
as mesuras desmesuradas!
Bjinho

© Maria Manuel disse...

a tua «frase» voou da forma mais bela neste poema de imagens lindíssimas!

um beijo, Licínia.

mena maya disse...

Suave a chuva, belíssima a tua escrita, Licínia.

Beijinhos

Manuel Veiga disse...

canto de chuva. na tua poesia. fecunda!

suave o odor a terra. na fermentação do húmus.

muito belo.

beijo

Mar Arável disse...

Voa voa

tambem com palavras

as tuas

tão leves ao vento

Benó disse...

Suave a chuva....

Também gosto dela e o teu poema fez-me ouvi-la.

Um abraço

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