As doces mãos da infância
subitamente afloram
o tecido enrugado
do dia a desmaiar.
Trazem consigo a tremura
das bolas de sabão
a crescer, a crescer, a voar.
E o nosso corpo freme a assomar
à janela do tempo que foi
mais que perfeito,
assim dizemos.
Não nos pertencem
as doces mãos da infância.
Cavalgam nuvens coloridas,
nadam em águas claras,
colhem flores e risadas
e canções de embalar.
Por vezes voltam,
num relâmpago,
a iluminar o nosso quarto escuro.
Por vezes não são mais
do que a ternura
que presssentimos
no dia a desmaiar.
Licínia Quitério