29.6.18


28.6.18

SIGNOS


Signos por decifrar, travessias de espelhos, fumarolas dançantes, soluços, agonias,
e também
risos, retratos gloriosos, fórmulas mágicas de poções mágicas, jardins de lírios e maçãs, anjos de pão e paz,
e também
demónios matadores, violadores de corpos e palavras, meninos afogados,
o desespero dos homens leiloados, o desespero das mulheres oferecidas, as gargalhadas dos invasores, as gargalhadas dos vendedores,
o rasgão na cortina, o estilhaço do vidro, o rasto de sangue no caminho das pedras.
Este rol infindável de carimbos na pele, este sufoco, esta ignorância, este desejo de luz que ilumine e não cegue
é o que nos habita os dias ensombrados
e também
os outros, quase felizes, ensolarados.

Licínia Quitério


14.6.18

MENINOS



Meninos
Na deriva dos ventos
Perdida a terra e a mãe
No grande mar balançam
Em frágeis fingidos barcos
Novas faluas sem barqueiro
Só frio só medo só sede
Quem os resgata
Quem os ampara
Na noite dos fantasmas
Quem lhes chama filhos
Quem lhes dá um nome
Quem lhes abre o porto
Quem

Licínia Quitério

10.6.18

COISAS RARAS




Estava no fundo do rio.
Era uma pedra, um segredo?
Só eu sei que senti frio.
Era Verão e tive medo

que a pedra me seduzisse,
que o segredo me tentasse,
que o sorriso me fugisse,
que a tua voz me escapasse.

Guardei o rio na memória
das coisas raras que achei.
Assim se conta uma história
de pontes que atravessei.

Licínia Quitério

9.6.18

CONVITE

http://www.centesima.com/content.asp?startAt=4&categoryID=15&newsID=859

Na Livraria Centésima Página, em Braga, no dia 22 de Junho, pelas 18h30m,

com os meus livros e as caligrafias de Ariana Andrade.

Apresentação de Virgínia do Carmo, da Poética Edições.

Apareçam.


Licínia


6.6.18



5.6.18

VOLTAR


Voltamos aos lugares onde passámos
de mão dada com a pequena idade.
Foi a rua que estreitou
ou os nossos braços se alongaram
em busca de outras ruas outros sóis.
Era uma terra amável de bons dias boas tardes
então por cá menina.
As tias velhas eram mais novas do que eu
agora sou. 
O tio levava-me ao castelo. 
O braço dele a apontar
vês lá em baixo o rio.
Hoje não sei ao certo como chegar
ao rio nem isso é importante
depois de tantos rios ter passado
e nem sequer dos nomes me lembrar.
Gostei de ver as andorinhas
iguaizinhas às que rasavam a janela.
Juro que ouvi a voz da tia
anda para dentro está a arrefecer.
Puxei para cima a gola do casaco
caminhei sem do calor me aperceber.

Licínia Quitério

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