27.6.20

OS LUGARES DA NOITE

Os lugares da noite escrevem histórias

proibidas aos mortais.

Se a chuva os toma

abrem as portas do choro,

deixam correr rios ignorantes

de margens e barcaças.

Na devassa dos ventos

tecem intrigas e lançam pedras,

sustos, gritos, às vidraças.

Às vezes  acendem luminárias

e são olhos de feras,

candeias caminhantes,

fogos-fátuos.

A lua nova aguarda

o seu parto de luz

para ensinar aos homens

os lugares da noite

e as provisórias trevas.


Licínia Quitério

12.6.20

LUGARES




Lugares concêntricos, profundos, uterinos,
de céus abertos
ao Sol e à Cassiopeia.
Apetecidos, distantes, únicos,
oferecidos ao guloso melro,
à fértil mariposa.
Lugares de iniciação de caminheiros
sem regresso.

Licínia Quitério

10.6.20

SILÊNCIO


Quero dizer silêncio como antes se dizia vestido de branco denso quase a doer silêncio que não rejeitava a pulsação nas veias uma cadência de sino a ensaiar o toque o silêncio da fala da minha mãe só olhar só sorrir muito antes das palavras o silêncio do amor religioso breve para depois ser lágrima explosão  Perdi o rasto do silêncio o meu desejo dele é agora uma maneira de dizer uma marca num livro um nome antigo duas linhas paralelas no palco da memória  Licínia Quitério




Quero dizer silêncio
como antes se dizia
vestido de branco
denso
quase a doer

silêncio que não rejeitava
a pulsação nas veias
uma cadência
de sino a ensaiar o toque

o silêncio da fala da minha mãe
só olhar
só sorrir
muito antes das palavras

o silêncio do amor
religioso
breve
para depois ser lágrima
explosão

Perdi o rasto do silêncio

o meu desejo dele
é agora uma maneira de dizer
uma marca num livro
um nome antigo
duas linhas paralelas
no palco da memória

Licínia Quitério

3.6.20

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