30.6.15
ESTE TEMPO
Perigoso este tempo de cardos e chacais.
Tempo de mendigos e assassinos.
Tempo seco e azedo que não alimenta,
não cuida, não cria.
De aves tombadas pelo caçador.
De cães abandonados pelo caçador.
Da gula dos abutres, do escárnio das hienas.
É este o tempo de partir ou ficar,
de perder ou ganhar,
de vergar ou erguer,
de se dar ou se vender.
Tempo sem penumbra,
sem copo meio.
É aviso, é anúncio,
mas os surdos não ouvem,
os cegos não vêem.
É pegar ou largar
neste tempo tão longo, tão breve,
tão audaz e tão néscio.
Outro tempo haverá.
Pode ser amanhã,
pode ser nunca mais.
A gaveta do mel, a gaveta do fel.
Qual abriremos, qual?
Licínia Quitério
partilhado por Licínia Quitério às 10:48:00 da manhã 2 comentários
21.6.15
SOLSTÍCIO DE VERÃO
partilhado por Licínia Quitério às 7:25:00 da tarde 4 comentários
17.6.15
AO ANOITECER
partilhado por Licínia Quitério às 12:47:00 da tarde 3 comentários
8.6.15
DISTÂNCIA
partilhado por Licínia Quitério às 1:13:00 da tarde 4 comentários
4.6.15
HUMANO
Morres todos os dias.
Nas bermas dos caminhos velhos,
no papel manchado das cartas,
no mofo das gavetas,
no toque do abandono,
no que ainda não sabes,
no que já esqueceste,
na fuga do desejo,
no sabor perdido das amoras,
no odor perdido dos amores.
Morres e revives todos os dias.
Quando o galo canta ao longe,
quando chegam notícias de primaveras,
quando as dores amortecem,
quando um riso atravessa a planície,
quando sobes à árvore com os olhos,
só com os olhos,
e os frutos te adoçam a boca.
És isto,
um corpo vivo
a percorrer o domínio dos deuses,
implacáveis,
insensatos, brutais, amáveis, serenos,
misericordiosos.
Deuses mortais,
eternos.
Humano és tu.
Nas bermas dos caminhos velhos,
no papel manchado das cartas,
no mofo das gavetas,
no toque do abandono,
no que ainda não sabes,
no que já esqueceste,
na fuga do desejo,
no sabor perdido das amoras,
no odor perdido dos amores.
Morres e revives todos os dias.
Quando o galo canta ao longe,
quando chegam notícias de primaveras,
quando as dores amortecem,
quando um riso atravessa a planície,
quando sobes à árvore com os olhos,
só com os olhos,
e os frutos te adoçam a boca.
És isto,
um corpo vivo
a percorrer o domínio dos deuses,
implacáveis,
insensatos, brutais, amáveis, serenos,
misericordiosos.
Deuses mortais,
eternos.
Humano és tu.
Licínia Quitério
partilhado por Licínia Quitério às 12:54:00 da tarde 1 comentários
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