6.8.16

A TORRENTE


Há um calor absurdo nas florestas.
Nem o silêncio,
nem a mão na testa,
nem as cores da distância,
nada pode parar a fogueira
a lavrar nos ramos
da nossa velha árvore.
Há palavras
capazes de abrandar
a tentação dos precipícios
quando o Verão descola e incendeia.
Não as dizemos.
O Verão há-de passar
e outro e outro
e as palavras
presas na garganta
do nosso grande rio,
na seiva da nossa velha árvore.
Palavras de água à espera da torrente.

Licínia Quitério

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