15.8.18

Que faremos


Dizemos que horror
que pena me dão
navegantes de barcos velhos
caminhantes de sandálias gastas
míseros de pão minguado
descrentes de milagres
comprados com as dores
dos finais infelizes

Fica pequeno o nosso coração
mas a nossa casa continua grande
a nossa pele ao abrigo das feras

Se tocarem à nossa porta
que perguntas lhes faremos
em que língua nos darão respostas

Deixaremos à solta os cães do medo
ou por sinais diremos
meu menino teu menino
água fresca mesa posta



Licínia Quitério

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