Foi quando disse
rosa
que te fizeste
flor.
Tivesse eu dito
casa
serias o olhar
mais alto da
cidade.
Tivesse eu dito
amor
serias o meu corpo
junto ao mar.
Talvez esse Poema que todos procuramos um dia assome a esta janela
Foi quando disse
rosa
que te fizeste
flor.
Tivesse eu dito
casa
serias o olhar
mais alto da
cidade.
Tivesse eu dito
amor
serias o meu corpo
junto ao mar.
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Licínia Quitério
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10:55:00 da manhã
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A gente sabe lá de que é que falam
Aquelas duas mulheres
Nem novas nem velhas
Nem bonitas nem feias
Duas mulheres só isso
Cada uma a carregar um
saco
Cada uma a carregar uma
verdade
Cada uma a pesar a
verdade da outra
Verdades não são coisas
para ouvir
São para dar numa mão
fechada
À outra mão que não a
sabe abrir
As duas mulheres não são
novas nem velhas
As vidas das mulheres não
são bonitas nem feias
São vidas só isso
Que as mulheres carregam
nos sacos
A embrulhar o pão de
cada dia
E falam as mulheres falam
E o pão nos sacos
endurece
E mais endurece a vida
Verdade se diga
Que é disso que as mulheres não falam
Licínia Quitério
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8:23:00 da tarde
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Licínia Quitério
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5:37:00 da tarde
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Dizes que me percebes
e eu acredito
Também acredito nos deuses
e nos seus mensageiros
e nos seus inimigos
e nos seus obedientes seguidores
Acredito porque nunca os vi
afagar palavras que escrevo
rir desbragados das verdades
que dispo e atiro ao vento
Não nunca os vi chorar
no mesmo acorde do meu riso nocturno
nem sorrir por lhes falar
de amor perdido e encontrado
Acredito nos deuses e acredito em ti
todos tão distantes
tão sem graça
quando percebem tudo o que eu não sou
Licínia Quitério
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Licínia Quitério
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12:27:00 da tarde
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Podia não ter acontecido
e tudo seria exactamente igual
A vida continuava a somar anos
e saudades
As portas da casa haviam de chiar
nos gonzos
de manhã ao acordar e à noite
depois da lua ter passado
sobre o muro do quintal
Tudo exactamente igual
como se alguma coisa tivesse acontecido
O prato na mesa o cabide no armário
o livro aberto a envelhecer memórias
A lágrima presa por teimosia
até ao dia da torrente
Tudo como antes de nada ter acontecido
de não ser mais que uma vontade
peregrina de mudança
Licínia Quitério
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11:28:00 da manhã
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Em voo planado, a ganhar alturas,
ventos de feição, algumas lágrimas de nuvem,
remoinhos, acalmias,
novos ímpetos, arrojos,
ternuras envergonhadas,
sinais de lume, olhos de lince,
lonjuras, lonjuras, música, música,
mundos, aquém e além dos astros,
tudo, nada.
Os poemas, no seu destino de pássaros.
Licínia Quitério
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3:05:00 da tarde
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Atravessar os anos sem contar
a não ser nas horas de choro
nascidas nas pedras afiadas
pelos caminhantes da fortuna
ou nos dias de tédio
aprisionados pela bruma
que não morreu de madrugada
Mais longos os anos
Mais breve o anúncio de horizonte
As velas ardem a alumiar a estrada
da água que desistiu dos cântaros
No novelo dos anos por contar
o vento tece mantas
de aconchego e perdição
Licínia Quitério
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Licínia Quitério
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5:38:00 da tarde
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