Falar de Abril é um trabalho grande
de lágrimas e nervos e saudades.
Falar como quem canta ou inventa
um deus tecido de alegria.
Dizer um nome novo, fazer um amor novo,
gritar e construir a fecundidade do silêncio.
Abril é um país
que engravidou de esperança e de manhã floriu.
É uma cidade
com homens a navegar na liquidez das ruas,
espingardas com mulheres à tiracolo,
sorrisos a explodir à boca dos canhões,
gritos e cantares da cor dos cravos.
Foi o dia do livro inicial
e toda a escrita foi possível.
Licínia Quitério