Poderás encontrar-me
na hesitação das manhãs
por entre os passos da chuva miúda
É quando ergo os braços
para as altas frondes
onde deixei na véspera o coração
Não me procures na tarde
quando a minha pele é um reflexo
na estranheza das montras
anunciando o outono
na hesitação das manhãs
por entre os passos da chuva miúda
É quando ergo os braços
para as altas frondes
onde deixei na véspera o coração
Não me procures na tarde
quando a minha pele é um reflexo
na estranheza das montras
anunciando o outono
As folhas secas do plátano voltaram a bater-me na janela rente ao chão. Deixaram minúsculas manchas no vidro. Desaparecem quando lhes sorrio. Depois voltam. Os habituais recados de outono... Estranho, não é?
Licínia Quitério
22 comentários:
olha, não faças caso - sou uma folha (seca) de plátano batendo à tua janela...
... deslumbrado com a luminosidade (outonal) do teu poema.
Querida Amiga,
Poema muito apopriado à quadro do ano (a de que sempre mais gostei). Poema curto, incisivo, one o que se expressa não precisa de muitas redund^ncias para ser dito. A qualidade a que já nos acostumaste
Vi também o outro teu blogue, com duas histórias que já tinhas feito favor de me mostrar. è um tripo de escrita, que, como sabes aprecio. Quis comentar,mas cai num tal de FEEDS que não sei bem o que isso sweja, mas subscrevi. O que não consegui foi comentar!!!
____
Obrigado pelas tuas vistyas e palavras que deixas
Um abraço
Cheguei aqui através da Margusta e do seu poema sobre o Outono lá publicado. Dei tb um pulinho ao Outro Lado e li as suas palavras. História de gente anónima com tanta coisa para contar ... e calar!
Deixo-lhe um abraço.
O outono ganha tons de mel e vai tomando formas cada vez mais desconcertantes.
Um beijo.
vi.
claramente visto
o teu vestido
cor de mel.
belo.
belO.
beijO
Nesta época do ano tanta coisa nos parece estranha... a natureza, ao transformar-se de acordo com as estações, consegue sempre surpreender-nos a ponto de determinadas manifestações de mudança, habituais, se mostrarem aos nossos sentidos como pela primeira vez.
Um beijo, Licínia
Recados, sim, que nos mandamos. Estes com a poesia de um cravo/plátano bem temperado.
Os outros, o tanger carpido de um velho piano e as teclas marfim. Também me apetece abraçar e é sempre tão estranho que pessoas "assim" não o possam fazer!
Bjinhos L.
A vinda aqui sugeriu-me um post no meu blog.
Comecei por um comentário que se desvariou e tresloucou, levei-o para lá e retomo agora o que desde o início deveria ter feito. Só um comentário, então (não que gosto do poema, o que é obscenamente óbvio e trivial):
quando a minha pele é um reflexo
na estranheza das montras
anunciando o outono
[1] "as montras anunciando o outono "- As montras anunciam o Outono, claro. A moda vive das estações!
[2] "a minha pele é um reflexo (...) anunciando o outono" - Se entendo isso.
Tanto dito em tão pouco, excelente cruzamento de significações. Também o paralelismo das manhãs e das tardes. Parabéns.
... Estranho porque Mágico!?!
Menos estranho porque cíclico, amarrando as memórias em redor de um mesmo Plátano, quantas forem as voltas que a vida dê. E somos todas essas voltas, todos os Outonos, todas as marcas - ora mais, ora menos visíveis - que nos ficam no vidro. E ainda os sorrisos com que saibamos receber os nossos Outonos! Será estranho?...
["Ouvi dizer" que havias escrito sobre o Outono neste teu Sítio. Vim a correr. Li lentamente. Saio sorrindo].
Um grande abraço!
Cada palavra muito especial, toda ela inteira. Gostei muito, Licínia. E a fotografia, linda de morrer.
... "os recados de outono". O que me fizeste lembrar... a mim, que procuro agarrar (inutilmente) cada verão que já passou. Mas o calendário (ou o tempo?) consegue ser mais rápido e quando dou por isso, é já inverno.*
* Felizmente que a primavera está aí não tarda nada. E o outono? Isso é outra história.
Óptimo feriado e fim de semana!
.trUz.trUz.
beijo
/e melodias melancólicas
de folhas...
Olá!
Estive a ler o outro sítio...
O último texto faz-me lembrar uma certa Estrela de Cinco Pontas..De um certo Manuel Tiago!
Um beijo para um bom feriado e um bom fim de semana!
Até breve!
S E O COMBOIO DA VIDA SEMPRE PASSAR À NOSSA VISTA
TODOS OS APEADEIROS DO ANO
SÃO BOAS ESTAÇÕES
Estranhamente familiar. Como todos os rituais de Outono. Os tons de terra que nos preenchem. **
Há um tempo que aqui não vinha!
Distracção minha! Sou eu que fiquei a perder!
O anúncio do Outono com os seus recados habituais...
Aqui, o sorriso é cúmplice do que a natureza nos diz!
E está-se bem, perante a chuva miudinha!...
Talvez não; o quebranto do Outono talvez seja apenas o entusiasmo do Verão que arrefece. Não sei...
Abraço.
Imperdoável falha a minha!...
Coisa grata aquele outro sítio; tão grata que vou demorar a agradecer...
Abraços para lá!
Não é estranho, é lindo!
Sempre achei que o Outono resume a nossa vida. Gosto.
Beijinho amiga*
A harmonia e a poesis dominam todo o poema. Belíssimo.
Gosto muito deste. Um belo pedaço de poesia.
Desde aqui, desde onde é primavera (nossos hemisférios sofrem de um desencontro crônico) sinto a luz deste outono.
Que sejam sempre lindos os recados das folhas que te visitam!
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