24.9.08

UMA SOMBRA


Na íris de outros olhos foi azul,
vermelho
e oiro vivo.
Na íris dos seus olhos foi a prata,
o verde
e a voz indefinível das marés.
No matiz da paixão
não se atreveu o branco.
No inverno foi a sépia
a devassa dos troncos,
do lajedo.

Depois da cor
há-de vir uma sombra.
Um soluço, um vibrato,
uma vertigem,
uma sombra, uma sombra...


Licínia Quitério

Música: Ainda a Callas

22 comentários:

vieira calado disse...

Gostei deste seu esbelto e bem escrito poema.
Cumprimentos

Justine disse...

"O que fica?" "Uma sombra, uma sombra..."
Muito belo, e tão intenso!

batista disse...

“Depois da cor
há-de vir uma sombra.
Um soluço, um vibrato,
uma vertigem,
uma sombra, uma sombra”

... sob uma árvore
mãe de muitas outras
a inventar tons e sobre-tons
na folhagem generosa: abrigo da passarada.

há-de se embalar
e embalar o mundo
com a música do vento
que canta nas quatro estações
... e num sítio ternurento: O Sítio do Poema!

Graça Pires disse...

Como quem usa as sombras para encontrar a luz...
Um beijo Licínia. Gostei imenso do poema.

hfm disse...

Depois da sombra outra cor...

Maria Laura disse...

Esse final é absolutamente perfeito. E tão verdadeiro!

vida de vidro disse...

Um poema de palavras e sentimentos. Belíssimo.

Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) disse...

Ai grande poeta! Isto por aqui está cada vez melhor. Regressei para ficar uns tempos. Ainda não tive tempo para ver as tuas prosas que admiro incondicionalmente.

Beijinho

Marinha de Allegue disse...

Gustoume este poema, gustoume ben!!!.
Buscarei a música...

Beijinhossss Licínia.
:)

maria josé quintela disse...

a sombra assegura-nos de que existe luz...



gostei muito.



um beijinho.

M. disse...

Muito belo.

A Lusitânia disse...

pela manhã acompanha-me hoje a Norma. Sexta voltei lá para ver a tiara, as fotografrias com mais atenção .
gostei das tuas sombras ... que mais são do que sinal que há luz

AnaMar (pseudónimo) disse...

A sombra que o só a luz faz...

Belíssimo poema.

Manuel Veiga disse...

luminosas sombras. quando assim tão prenhes de sentido. e sensações...

muito belo.

beijos

MEHC disse...

Consigo ouvi-la, no teu poema.Nem sei se mereço tanto.

Mar Arável disse...

Depois da cor novas cores

mesmo que sejam

a preto e branco

Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) disse...

No matiz da paixão
não se atreveu o branco.

............

Sombra
Soluço
Vibrato
Vertigem

Que loucura!Que loucura, Licínia!

© Maria Manuel disse...

da sombra... as cores. gostei do poema.

A Lusitânia disse...

belo rosto continuo a descobrir nas palavras tuas ...

Maria Carvalhosa disse...

"Na íris de outros olhos..."
Na tua escrita encontro cor, luz e até sombra.
Bem hajas, querida Licínia, por muita coisa, seguramente, mas pela tua sensibilidade, "engenho e arte", acima de tudo!
Beijo-te com ternura, amiga.

Joana Roque Lino disse...

Adoro a Callas, Licínia! E que belo poema para acompanhar aquela voz soberba...

mena maya disse...

Que lindo!

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