4.12.08

É O QUE SABEMOS










Persistentes, audazes somos
moldando o barro,
cinzelando a pedra,
construindo.
De riso em dor,
de dor em riso,
vamos rasgando os arcos,
as pontes alongando.
Por vezes nos detemos
que a muralha é de medos.
Se for preciso desenhamos
um alado vocábulo
para além da saudade.
Por vezes recuamos
e apagamos as flores
no bolor das paredes.
De voz em voz,
de mão em mão,
semeamos vontades
e madrugadas
e pássaros de cristal.
Construtores de sombra e claridade,
é o que sabemos.

Licínia Quitério

17 comentários:

Graça Pires disse...

"De voz em voz,
de mão em mão,
semeamos vontades
e madrugadas
e pássaros de cristal."
Um poema cheio de luz, que eu li e reli, porque ilumina...
Um beijo Licínia.

A Lusitânia disse...

Preciso do teu apoio para ver se uma minha amiga conseguia ajudar. Que me cedesse uma das tuas belas histórias ou fotografias que ando a organizar um leilão!
Vem daí ver o meu Luar e contribui!
Um grande abraço e que chegue o humor.

Maria disse...

..."De voz em voz,
de mão em mão,
semeamos vontades
e madrugadas
e pássaros de cristal."

Não sou original, mas é o que sei e o que sinto...
Obrigada, Licínia

Um beijo

M. disse...

Belíssimo, Licínia! Belíssimo!

OnlyMe disse...

Devemos seguir sempre em frente e nunca olhar para trás, construindo e crescendo.
Obrigado pela mensagem repleta de força.
Jinhos :)

© Maria Manuel disse...

construtores de poesia também...

hfm disse...

Enquanto houver sombras e luz estaremos equilibrados, como o estamos sempre com as tuas palavras.

CNS disse...

As sombra que só existem na luz.
Belíssimo.

bettips disse...

Pedra a pedra, arcos em nós, os vamos fazendo:
com as tuas palavras, tão delicadas, negando a aspereza do labor.
Bj

Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) disse...

É o que sabemos
Semear pássaros de cristal

os gatos, ai meu Deus os gatos!
esses apanham pássaros de verdade...

Mar Arável disse...

é preciso resistir

também com palavras

maria josé quintela disse...

mais sombra que claridade...



um beijinho.

Manuel Veiga disse...

belíssimo, Lícinia. este o Poema!!!

beijos

Alberto Oliveira disse...

... olha, agora que é domingo à tarde (ah! que me veio à memória aquela incontornável canção do Nelson Ned) e o pessoal deve estar a descansar dos blogs, vou-te confidenciar uma coisa: estou a deixar de saber fazer bem o que fazia sofrivelmente. É verdade. Paulatinamente o saber escapa-se-me entre os dedos como aquelas enguias vivas que são muito saborosas quando bem fritas. O que hoje sei, é comparativamente pouco com o que não sabia ontem. Exemplo disso foi aqui há dias um sujeito com um aspecto estranhíssimo perguntar-me na rua Augusta "Sabe se estou a ir bem para a Avenida de Roma?" Olhei-o com pena "Tem azar amigo. Se me perguntasse se eu sabia o caminho para a Avenida Estados Unidos da América, era canja! que nessa estive lá ontem. Apanhava o cacilheiro no Cais do Sodré e estava lá num pulinho. Da Avenida de Roma já não sei. Mas tenho uma vaga ideia que fica ali para os lados do Parque das Nações."
Sabes o que te digo? Não sei.

vida de vidro disse...

Nas tuas palavras a sementeira de pássaros de cristal. Tão belo, Licínia! **

Arábica disse...

De casa em casa, construimos

para lá das pedras,


o fogo que nos ilumina.


Chamem-lhe de papel.

Eu chamar-lhe-ia poesia!



Um beijo grande para ti



Ps-Já voltei a ter net :))

Justine disse...

O homem e as suas contradições, retratado de maneira exemplar e delicada no teu elegante poema.
Que bom ler-te!
Um beijo

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