8.2.09

CLARISSE 2



Clarisse insiste em folhear-se nos álbuns. Flores de cinzento e sépia colam-se na frescura dos dedos. No silêncio dos papéis choraram árvores e nasceram torres e ameias de castelos pagãos. Passeia-se Clarisse e os seus passos acalmam a inquietação dos vultos. Alonga-se em ternura e um suavíssimo abraço surpreende a penumbra. No vão dum arco, antes do negro, um sorriso regressado da cabana de musgo dos invernos. Clarisse atenta na brancura dos céus. Azuis seriam as aves que fugiram da história. Teimosamente verde é a brandura dos seus olhos respirando a estrada.

Licínia Quitério

15 comentários:

Mar Arável disse...

Admito conhecer esta Clarisse

a menos que as aves azuis

ainda me tenham algo

a dizer e os seus olhos sejam

verdes

talvez esmeraldas

e cabelos soltos

onde me desmaio

De Amor e de Terra disse...

Tudo ou quase tudo, no passado, é cinza e sépia. Como as árvores e os olhos-estradas de Clarisse.

Bj

Maria Mamede

Alien8 disse...

Impõe-se uma explicação: Só hoje vi o teu comentário num blog chamado "Palavras" porque esse blog é apenas uma cópia do "Título Qualquer Serve", com ênfase em alguns tipos de texto, e que era suposto não estar aberto. É raro lá ir, e nunca para ler comentários: Os ditos já viriam do "Título", e não haveria nunca comentários novos, se por acaso eu não me tivesse esquecido de fechar o "Palavras" da última vez que para lá copiei os posts do outro.

Dito isto, quero agradecer a visita e o comentário. Quero ainda acrescentar que gostei do que aqui vi, e que voltarei, sem dúvida.

Peço desculpa pelo atraso.

Boa semana.

bettips disse...

Resistente. A teimosia.
Clarisse folheando no Inverno de pensar, imaginar os bramidos das matas. Verdes e (e)ternos.
Bjinho

hfm disse...

Gostei destes olhos que, se me não engano, estão partindo do castelo de Lx.

Graça Pires disse...

Folhear-se nos álbuns. Encontrar-se no tempo que vai passando deixando as marcas da vida...
Belo! Um beijo.

Justine disse...

Que passeie então Clarisse, docemente, pelo caminho da memória que a transporta até à estrada de hoje.
Afinal os castelos, principalmente os pagãos,renascem todos os dias

maria josé quintela disse...

estou a gostar desta clarisse que procura caminho nos albuns.



um beijo licínia.

Teresa David disse...

Lindo texto póetico tão consonante com todas as belas coisas que escreves!
Parece que finalmente o tempo está a arrebitar, será que em breve nos poderemos ver?
Bjs
TD

vieira calado disse...

Ora aqui está um pequeno texto muitíssimo bem esgalhado!

É obra de quem sabe, o que para mim já não é novidade.

Bjs

© Maria Manuel disse...

sigo os belos olhos de Clarisse e insisto com ela em folhear as páginas...

Arábica disse...

Teimosamente verde.


Brandamente verde.


Um abraço, verde poesia tua.

Alberto Oliveira disse...

... admiro a persistência de Clarisse no seu passeio pelo passado-aprendizagem.
Foi pena a fuga das aves azuis da história 2.
Felizmente que ficou para a posteridade o verde (tinha de ser!) que é a brancura dos seus olhos.

Lindo!

Sorrisos e beijinhos.

Manuel Veiga disse...

leves os passos de Clarisse, que aquietam os vultos.

que Clarisse prossiga na órbita das aves perdidas. em reencontro de brandura e sabedoria...

belíssimo.

beijo

M. disse...

Interessantíssima a expressão que usas: "folhear-se nos álbuns". Como que um jardim interior onde se passeia Clarisse. E depois, as palavras ligadas à fotografia: "... alonga-se em ternura...". E os nossos olhos a seguir a vereda estreita feita de pontinhos. Lindo este diálogo entre palavras e fotografia! Belíssimo tudo isto!

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