11.1.11

UM POEMA DE AMOR



Estás comigo há tantos anos e sempre te pergunto porquê. Porque é que as tuas mãos de estátua grega se entrelaçam assim como se explicassem toda a beleza do mundo? Será que foste tu que colheste os girassóis e os ofereceste à jarra para que os meus olhos pudessem ver a luz no quarto escuro? Eu não falo de Vincent, mas de ti e do relâmpago do teu rosto sobre as paredes brancas da sala. Estão sempre as tuas mãos dentro do quadro, aquele ali colado na vidraça e que disseste ser a transparência do meu sorriso. Falamos de pintura, como poderíamos dizer ternura ou construção ou a eternidade possível deste amor. Posso perguntar se foste tu que pintaste os girassóis. Responderás não sei com uma flor de verdade na boca e a humildade dos inventores de futuro. Posso chamar-te Vincent e responderás como se fosse o  teu próprio nome. Achas natural. Eu também. Todos os nomes são iguais. A diferença mora na beleza das tuas mãos entrelaçadas na explicação da transparência do meu sorriso. 

Licínia Quitério  

13 comentários:

Anónimo disse...

MAJESTOSO

Maria disse...

Deixaste-me sem palavras...
Belo!

Beijo, Licínia.

Justine disse...

Belíssimo, empolgante, perturbador poema de amor!

Maria João disse...

Um Grande Amor é assim. ETERNO.
Beijo amigo da João

Lídia Borges disse...

Licínia,

Que maravilha este dizer onde se pinta TERNURA com "mãos entrelaçadas"...

Um beijo

Graça Pires disse...

A beleza de um poema de amor que nos deixa em silêncio...
Um beijo Licínia.

hfm disse...

Há textos únicos, este é um deles!

Maria Carvalhosa disse...

Lindíssimo, Licínia! De cortar a respiração.
Vou voltar a percorrer estes caminhos, a visitar estes lugares, que tanta falta me andavam a fazer e eu não percebia. Obrigada, Amiga.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

muito bonito, com a foto a condizer.

obrigada!

beij

Manuel Veiga disse...

intemporal poema. vibrante como os girassóis.

em a claridade do sorriso é centro. e órbita.

belíssimo
beijos

© Maria Manuel disse...

sem palavras, Licínia, para este poema belíssimo, este amor belíssimo, estes «girassóis» que, com tanta beleza e ternura, permanecem luzindo.

beijo grande,amiga.

M. disse...

Belíssimo, Licínia!

Anna disse...

Haverá com toda a certeza uma eternidade para este poema de amor... Às vezes os poemas que nos arrebatam são de uma suavidade desconcertante... Aconteceu com o seu, Licínia...

Deixo-lhe um beijo

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