17.10.11

ENTRANÇA AS MÃOS







Entrança as mãos. Assim,
como asas a caminho do sol.
Imagina que o meu corpo
foi pássaro e de pássaro
foram o desnorte, as subidas
doiradas, as descidas a abismos,
os esponsais de vento. Olha-me.
Aguarda o meu sorriso a desenhar
o coração das nossas águas.

Foi o que disse e tu cumpriste.
Permaneces imóvel num repouso
de penas. Espera mais um pouco.
Nas tuas mãos desperta o meu
corpo de pássaro. Um sorriso
demora. Virá no vento morno
e dirá o que nunca foi dito.
Por agora não saias do retrato.


Licínia Quitério

9 comentários:

bettips disse...

Lembraste as mãos: como aves gémeas, 4, elas ouvem o passar do vento. O Outono e o fumo. O delírio dos "que deviam saber" e fizeram de conta.
As mãos amadas, sempre uma âncora. No poema.
Bjinho

hfm disse...

Que final! Belíssimo.

Justine disse...

Comoveste-me, Poetisa!O que a gente é capaz de sentir ao olhar um retrato...

M disse...

Tão tão tão bonito, Licínia!
É assim a beleza das coisas.

Manuel Veiga disse...

proibido profanar "os esponsais de vento"...

... tão bem retratados!

poema que dói. de tão belo!

beijo

© Maria Manuel disse...

Lindo, Licínia, escreves com asas no coração.

beijos.

Mar Arável disse...

Com as mãos

até os milagres são possíveis

Lídia Borges disse...

Muito belo!



L.B.

Alien8 disse...

Mais um excelente poema. É mesmo bom ler-te!

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