16.1.12

UM CHEIRO A RELVA


Há um cheiro a relva
acabada de cortar 
nos passos leves com que medes
incansavelmente medes
a casa 

e o tempo de a viver


Não gastas 
a casa 

Acrescentas passado 
e escritas de sábios
à história que há de ter
a casa


Vestes 
a casa 
e o teu odor a ervas
pode ser o perfume das manhãs
o álcool das noites
o fumo do inverno 
o suor do verão


Sei que os teus passos
retomam a contagem 
quando a orquídea
na janela
abre um sorriso de mulher
e um tilintar de sinos
explica o vento
nos muros do quintal
onde respira
a casa



Licínia Quitério 


7 comentários:

Mário Domingos disse...

A casa :)

Muito bom mesmo, Licínia.

Fica-se em paz.

Um beijo.

Justine disse...

Como se estivesses a falar do que eu sinto aqui, neste canto sereno e silencioso...
Abraço

Manuel Veiga disse...

eterno retorno da Vida...

que te seja suave. como a relva acabada de cortar...

beijo

Mar Arável disse...

Uma casa de sonhos acordados

Bj

bettips disse...

O lugar da casa é o lugar dos sentimentos. Aqui, lavado pelo cheiro da relva e o contar dos passos futuros.
Muito belo, L.

hfm disse...

A "casa" que nunca se gasta.

M. disse...

A casa, corpo que nos habita.

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