8.3.12

O FUMO

Só palavras de sal para dizer
os dias das cidades
bombardeadas
Lâminas nos dentes dos algozes
a retalhar a carne das mães,
a carne dos filhos
Uma mulher na paisagem
é uma árvore decepada
onde não cantam pássaros
No meu tempo nascem
as cidades de fumo
Mais do que escombros,
 fumo
Cidades secas, silenciosas,
disformes,
sem gramática possível,
sem reflexos
No meu coração uma ave que pia,
um retrato de cidade
chamada Aleph ou Alice,
um estilhaço de espelho,
uma planta carnívora,
salgada


Licínia Quitério

4 comentários:

Justine disse...

Maneira dura e doce de falar de realidades atrozes, amiga! Até onde o homem pode levar, por ganância, a sua desumanidade...

Manuel Veiga disse...

doi fundo. na consciência adormecida...

palavras-denuncia. que a poesia tambem pode/deve ser...

beijo

Mar Arável disse...

Palavras de carne e osso

Bj

M. disse...

Um texto de desalento.

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