7.8.15

LUA


Candeia acesa no recorte animal dos montes.
Súbita aparição de um deus do fogo.
Abre as asas, faz-se Lua.
Sobe a maré, a erva cresce, a criança nasce.
As cobras soltam os assobios de Verão.
As mulheres fecham nas mãos os seios,
não vão as cobras sugar-lhes o leite.
Os meninos palram e riem à Lua,
na transparência dos telhados.
Cavalos selvagens galopam.
Têm olhos vermelhos de Lua Cheia.
Só o Sol os livrará do feitiço da noite.
As águias dormem nas alturas.
Sabem que a Lua lhes cuidará dos filhos,
lhes abrirá as asas,
os fará voar até à casa do céu 
onde nascem os anjos
que são Luas,
que são espelhos de estrelas,
que fazem crescer as searas,
os cabelos,
os desejos nocturnos dos Homens.

Licínia Quitério

2 comentários:

Anónimo disse...

Os lobos, os homens.
As mulheres e os ciclos lunares.
Bj da bettips

Mar Arável disse...

Uma bela viagem
Bj

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