6.6.16

SUBIR


Subir até perder de vista
o que rasteja, o que se arrasta
na espuma do poder,

na lama da pobreza.
Ser andorinha que viaja
sem bagagem, sem outro anseio
que acompanhar a primavera,
regressar ao tecto, 

restaurar o ninho, renovar a vida.
Que isto de ser homem
e não passar além da própria sombra
tem que se lhe diga.

Quantas vezes ficaste
pasmado a olhar o alto, 

a pensar quem me dera
e por ali andaste grudado ao pó,
a ruminar saudades e remorsos,
sem vontade 
de saltar 
a corda da fortuna, de afrontar 
o limite da estrada, de pé descalço,
mão vazia.
É preciso que subas, 
a escada atada ao coração,
na voz um bater de asas.
Observa como se abre o voo.
Agora vai.

Licínia Quitério 

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