11.9.16

JANELAS


Que sabes tu das janelas abertas sobre as ruas
senão dos traços a carregar memórias 
de olhares que as devassaram?
Quedas-te a adivinhar de quem as casas,
donde  os metais, os vidros,
quais os últimos dedos que as tocaram.


Janelas iluminadas por faíscas diamantinas,
trespassadas por silvos de comboios,
atentas à estridência e ao silêncio das gares, 
antes e depois da viagem dos homens.
Olhos de construtores, misteriosas grafias,
saudades de cidades belas como nunca houve,
de mulheres não veladas, de homens potentes, 
prestimosos, despidos de loucura, a louvarem
a vida, a fabricarem.

Pouco mais saberás das janelas,
dos homens que as quiseram,
dos que as olham e dos outros,
passantes, indiferentes,
à beira de cegarem.

Licínia Quitério 

1 comentário:

Graça Pires disse...

Só entende de janelas quem sabe olhar dentro de si mesmo... Um beijo, Licínia minha amiga.

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