18.12.16

AS CASAS



Antes que as guerras cheguem,
as casas guardam pedras 

cansadas de memória.

Nas fendas, sopros
que podem ser o vento
ou a passagem da saudade.


Vão desenhando motivos vegetais 
na amargura da cal 
há muito poluída.


Exibem cicatrizes,
mas não pedem compaixão
nem cura.


Gozam a transparência da idade.


Jogam às escondidas com o céu,
fingem que prendem nuvens
nas janelas.


Até que a terra trema,
o homem esqueça,
o tempo passe 
e as desfaça.

Licínia Quitério

1 comentário:

Graça Pires disse...

As casas já não são lugar da nossa segurança...
Um BOM Natal e um Ano Novo MELHOR.
Beijos, minha Amiga.

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