15.11.20

DESERTAS AS CIDADES


Desertas as cidades

quando todos faltaram

ao encontro com o medo

e a derrota

Nem a voz dos cães

nem o restolhar das folhas

Nada soa nas paredes das casas

Nem o respirar dos velhos

nem a risada dos novos

Cidades prisioneiras

de gente prisioneira

do silêncio novo

encomendado e servido

em bandejas de cobre

oxidadas de verdete e malícia

Cidades programando a ruína

desprezando a gente e os seus lamentos

alimentando a lassidão ou o desespero

a raiva ou a desistência

num bailado incoerente

estúpido e silencioso

Não há traço de morte nas cidades desertas

Vivem o seu prelúdio da loucura


Licínia Quitério

1 comentário:

Mar Arável disse...

Contra os medos
sem muros nem amos
BJ

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