É a porta fechada
dessa casa assombrada
no dizer das mulheres
ligeiras no andar.
E o vento a sussurrar:
Vai chegar vai chegar
o tempo de arrombar
essa porta fechada
dessa casa assombrada.
E a mulher a pensar:
É comigo é comigo
que ele está a falar.
Amanhã vou voltar
rente à casa passar
o meu ombro encostar
à ombreira da porta
baixinho perguntar:
Quem foi que te assombrou?
Quem foi que te fechou?
E a casa a responder:
Alguém que não gostou
da luz que em mim brilhou
e esta porta fechou
e sobre mim espalhou
este manto de sombra
e as mulheres afastou
e os homens afastou
e o medo semeou
e desde então ninguém
junto de mim passou
nem sequer reparou
que a luz não se apagou
e às vezes é luar
e às vezes nevoeiro
e às vezes é braseiro
a descair no mar.
A mulher despertou.
Não sabe se sonhou
mas pela casa passou
e a porta estava aberta
e lá dentro era dia
e o vento sussurrou:
Foste tu que passaste
contra o medo lutaste
e o teu ombro apoiaste
na ombreira da porta
que não mais se fechou.
Foste tu que mataste
a sombra que assombrou
a casa que voltou
a ser luz a ser guia.
E a casa sorria.
1 comentário:
Ainda bem que arrombaste a porta com este magnífico poema, minha querida Amiga Licínia.
Desejo que a tua saúde esteja bem.
Protege-te.
Uma boa semana.
Um beijo.
P.S. E o meu livro?
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