23.9.24

O BOSQUE

 Verde o bosque que passeámos.

Tudo tínhamos

do chá de menta à varanda do estio

de Jacques Brel ao grito dos pavões

das tuas palavras claras aos meus versos infantes.

A verdura dava-nos o sorriso de mãe

e o abraço de amante.

Tínhamos o nome do bosque

inscrito na palma da mão.

Estávamos a salvo dos salteadores de futuro.

 

Foi depois do incêndio

que percebemos a cor do desalento.

O chá de menta amargou

e tudo ardeu

as tuas palavras claras e os meus versos infantes.

A verdura fez-se noite

mas o nome do bosque continua 

na palma da minha mão.

 

Licínia Quitério 


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