7.2.25

CAMINHOS

 Não me perguntem como é que aqui cheguei

Vou falando de tudo e de nada que encontrei
Do garoto que me pediu dinheiro para tapar a fome
E do homem que o mandou embora
Uma praga estes malandros
O que eles querem sei eu
Da rapariga que me contou o seu amor acabado
O que me ficou foi o jeito dela
A afastar o cabelo para trás da orelha
Para melhor ouvir a voz dele que continuava
A soar a magoar
Não insistas é melhor assim

Vim por caminhos antigos
Com cheiros de ervas boas
Onde nunca mais voltei
Se falo deles dizem que os inventei
Que por lá nunca passei
Esta minha mania de contar histórias
A ouvintes amargos e descrentes
Outros longos tortuosos caminhos
Percorri e fui guardando
Lembrança das viagens e dos viajantes
Meus estranhos companheiros
Em encontros fortuitos
De linguagens ínsipidas
Gostei de te conhecer
Um dia voltaremos a falar

Não posso saber o que aconteceu
No mundo em mim
Em todo o tempo que fiz caminhos
E conheci caminheiros
Esquecida da linha de partida
Vou decorando nomes de estações

Licínia Quitério

1 comentário:

Davi Machado disse...

Último verso de ouro.

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