29.4.06

CECÍLIA

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

CECÍLIA MEIRELES

Bonito poema. Bonito este rosto de Mulher. Bonita a mão que o desenhou. Tanta gente bonita no nosso mundo. Tanta coisa bonita a enfeitá-lo. E nós que teimamos em perder-nos nos meandros da fealdade.Também pela beleza nos havemos de salvar. Uma bela palavra, um belo sorriso, uma bela amizade. Basta acordar um dia com os olhos lavados pelo luar e enfrentar o sol sem nos queimar. Pois, difícil de conseguir. Mas é urgente tentar. Acho eu.

Licínia Quitério


Desenho de Almada Negreiros

2 comentários:

Manuel Veiga disse...

Bonito o teu comentário, que agradeço. Certmente uma pessoa bonita, que espero continuar a ler

Era uma vez um Girassol disse...

Que mensagem, Licínia, adorei!!!!
O caminho é esse, sem dúvida!
Lindo, este poema da Cecília Meireles!
Beijinhos

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