Isto de falar de gente ilustre tem que se lhe diga. Ou, melhor, eu é que não sei como dizer. Mas apetece-me. E se me apetece escrever pensando em Sofia, escrevo. Pobre de quem me ler!
Conheço poucas palavras em grego, mas sei como se diz Sabedoria. A beleza de Sofia começa, assim, quando a nomeamos. E a cor dos olhos, e a leveza do vulto. Posso vê-la descalça nas orlas das praias, em trilhos de deusa que não ignora os homens. Pelos seus poemas passam cidades, ilhas, espuma de mar. Mas também nomes de gente que amou, que defendeu, que exaltou. Não esqueceu Catarina, a de Baleizão. Sofia foi a Grécia, foi Portugal, foi o Tempo. Foi a Palavra, a Harmonia. Nos seus versos, que me comprazem, se encontra a força necessária da MULHER.
Pronto, tinha de dizer. Disse. Agora escutemos Sofia, mais uma vez e sempre.
DERIVA
Vi as águas os cabos vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som das suas falas
que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o rosto de Eurydice das neblinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais
As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
Conheço poucas palavras em grego, mas sei como se diz Sabedoria. A beleza de Sofia começa, assim, quando a nomeamos. E a cor dos olhos, e a leveza do vulto. Posso vê-la descalça nas orlas das praias, em trilhos de deusa que não ignora os homens. Pelos seus poemas passam cidades, ilhas, espuma de mar. Mas também nomes de gente que amou, que defendeu, que exaltou. Não esqueceu Catarina, a de Baleizão. Sofia foi a Grécia, foi Portugal, foi o Tempo. Foi a Palavra, a Harmonia. Nos seus versos, que me comprazem, se encontra a força necessária da MULHER.
Pronto, tinha de dizer. Disse. Agora escutemos Sofia, mais uma vez e sempre.
DERIVA
Vi as águas os cabos vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som das suas falas
que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o rosto de Eurydice das neblinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais
As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
3 comentários:
Gostei imenso deste post e a poetisa merece que lhe façam todas as homenagens possíveis por ter sido GRANDE!
Este blog é um lugar de paz e harmonia onde me sabe bem estar, onde virei aprender e beber muita poesia...
Feliz Páscoa!
Beijinhos
não sei se conheces, mas vai aqui http://uma_cabana.blogspot.com, acho que vais gostar!
bjs
Obrigada por este blog, que transpira cultura e sensibilidade. Vou voltar, claro.
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