9.6.06

DA FUGA


Tocata em Fuga - Pecárovics

Fugir da casa pela fresta do desejo
Seguir o brilho das estrelas
que os olhos construíram
Deitar a mão ao soluço do amigo
e levá-lo contigo
até ao cimo da vontade
mais alta que a mais alta das montanhas
Soltar o grito e aguardar o eco
Se ele vier valeu a pena a fuga
Regressarás em paz à casa
abraçarás a árvore
velarás pelos ninhos e
ajudarás os pássaros
que um dia para a montanha fugirão


Porque fugimos? De que fugimos? Ou de quem? Tantas interrogações cabem dentro deste tema. Dei comigo a pensar numa cantilena em que o rato foge do gato que foge do cão que foge do pau que foge do lume que foge da água que foge... que foge... No fim da história (ou no princípio?) haverá um homem que também foge, sem saber de quê. Seria fácil dizer: "De si próprio.". Mas não me interesso por histórias com finais explícitos. Prefiro que acabe com uma interrogação. Prefiro? Ou será que estou a fugir de pensar no assunto? Quem sabe?!

Licínia Quitério

15 comentários:

Manuel Veiga disse...

a beleza da vida está na busca permanente de um "pouco mais de azul" de que fala o poeta! gostei muito de ler-(te)...

alice disse...

"ontem dei por mim a passar por ti, não vou dizer aonde, estavas de costas, viravas a cabeça, vias-me pelo canto do olho e algo nas cores da roupa te cambiava o tom do olhar, sorrias a meio da boca, torcias os lábios, nada dizias, eu parada na montra a decifrar as mensagens dos carros a passar no vidro, tão depressa, tão inútil, tão arrepiada na curva das pernas onde o teu olho bicudo furava, tão depressa, tão profundo, só a paragem do metro testemunha, e os sacos das compras encostados, asas de plástico no meio de nós, não te lembras?"

beijinhos,

alice

(obrigada, sempre, pelas suas palavras no meu blog)

Era uma vez um Girassol disse...

Somos interrogação constante, pergunta teimosa em ambiente calmo ou revolto, nunca nos satisfazemos...É muito "humano"!
Mas fugir...não sei. Gosto de pegar o touro pelos cornos e daí ter levado tanta marrada pela vida fora...Mas não desisto!
Interessante este tema,primeiro adoçado em poema, depois exposto a nu...
Fizeste-me pensar e cheguei à conclusão que, às vezes, mais valia estar quieta!
Bjinhos

M. disse...

Que palavras tão bonitas para falar deste assunto!

Maria P. disse...

"deitar a mão ao soluço do amigo
e levá-lo contigo"

Lindo, diz tudo.
Bom fim de semana.

Sara Mota disse...

Fugimos até nos perdermos de nós... Mas depois regressamos :)

Hortência disse...

o homem sempre foge, mas de quê?
sempre há um motivo, embora nem sempre ele convença quem é espectador da história.
O fato é que o homem foge de si mesmo, dos outros, das palavras feias, dos medos, do medo de ter medo.
E tudo é apenas fraqueza?
Beijos

Menina Marota disse...

"...Deitar a mão ao soluço do amigo
e levá-lo contigo..."

Cada um de nós foge, de algo. De sentimentos, de alguma pessoa, de alguma verdade, do seu próprio "eu"...
E porque a Vida não é simples, fugimos para nos encontrarmos de novo.

Um abraço e feliz domingo ;)

M. disse...

Respondo: primeiro a imagem, depois as palavras. ;-)
Beijo.

alice disse...

boa noite, licínia

obrigada pela sua resposta

acredite que fiquei sensibilizada

foram poucas as pessoas que responderam ao "desafio" desta partilha, mas a qualidade jamais se mede na quantidade

bem haja pelo seu carinho

acho que já gosto de si

não acho, gosto mesmo

beijinho,

alice

Kalinka disse...

LICÍNIA:
Somente hoje vim retribuir e agradecer a sua visita ao meu blog kalinka.
Gostei do que vi no seu blog.
Adoro poesia!
Mas, também gosto destas interrogações: Porque fugimos? De que fugimos? Ou de quem?
Prefiro? Ou será que estou a fugir de pensar no assunto? Quem sabe?!
Fico-me por aqui:
Pois é, quem sabe?
Um beijo.

RB disse...

do que temos cá dentro...
hoje somos nós a reclamar a tua presença...
bjs

Amanda Alves disse...

Olá Licínia.
è a primeira vez q entro em seui blog, mas ja gosteid esde ja.
Finais explícitos tambem nao me fazem a cabeça...

poesiaemrede.blogspot.com

Amanda Alves disse...

Olá Licínia.
è a primeira vez q entro em seui blog, mas ja gosteid esde ja.
Finais explícitos tambem nao me fazem a cabeça...

poesiaemrede.blogspot.com

Anónimo disse...

De quem o poema?

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