Círculo de Cor, de August Macke
Desta vez é que vou
encontrar o lugar
que possa partilhar
com a pomba e o leão,
o camelo e o cão,
a menina bonita
de doirado despida,
o cavalo a correr
e a menina a aprender.
Senhoras e Senhores,
público respeitável,
vamos todos viver,
numa noite notável,
o maior, o maior
espectáculo visto.
Chapéu de sol e estrelas,
muita cor, muita luz.
Os bancos são de pau,
a música não para
e nesta grande nau,
redonda como o sonho
de todas as infâncias,
o coração aquece
e nós temos os olhos
e os ouvidos atentos
a tudo o que acontece.
Aqui não há distâncias
entre nós e o palhaço
que tropeça, tropeça,
sem chegar a cair
e que chora em repuxo,
a fingir, a fingir.
E os miúdos a rir
e os graúdos a rir.
Desta vez é que vou.
Vou partir com o circo.
Vou tocar o trompete,
vou vender chiclete.
Pinto as unhas de verde,
calço as botas de cano
com que sempre sonhei,
ajudo a desdobrar
o tapete do mágico
com que vai ocultar
a hora de cortar
a mulher deslumbrante
em três partes distintas.
E o público a pensar:
se algo correr mal,
como é, coitadita,
quem a vai consertar?
E eu por dentro de tudo
a saber como é.
Desta vez é que foi.
Já tenho o meu lugar
neste mundo em viagem,
bem dentro da miragem
que só tem uma margem:
a do lado de lá,
onde a pomba e o leão,
o camelo e o cão,
conhecem a Mimi
a trepar pela corda
e a acenar com um lenço,
e o palhaço que chora,
e o menino que ri,
e a menina bonita
no cavalo a correr.
Fui com o circo de vez.
Quando me anunciar,
o homem do turbante
vai dizer como faço
um número importante:
“Se subir é difícil
descer é bem pior!”
E o rufo do tambor
a engrossar o tremor
nos assentos de pau,
nos remendos da nau
que amanhã partirá
p’lo mundo, onde haverá
sempre alguém a dizer:
(baixinho é bem de ver
não vá alguém ouvir)
Vou partir com o circo,
desta vez é que vou,
ninguém me irá deter.
É entrar, é entrar,
meus senhores, é entrar!
O maior, o maior
espectáculo visto
não tarda a começar!!
Num registo um pouco diferente do habitual, hoje convido-vos para uma ida ao circo. O maior espectáculo do mundo anda por aí. Se eu demorar um pouco mais, não se assustem. Talvez me tenham passado a chamar Mimi. Por uns tempos. Só por uns tempos. Entretanto, que a Magia vos acompanhe.
Licínia Quitério
Desta vez é que vou
encontrar o lugar
que possa partilhar
com a pomba e o leão,
o camelo e o cão,
a menina bonita
de doirado despida,
o cavalo a correr
e a menina a aprender.
Senhoras e Senhores,
público respeitável,
vamos todos viver,
numa noite notável,
o maior, o maior
espectáculo visto.
Chapéu de sol e estrelas,
muita cor, muita luz.
Os bancos são de pau,
a música não para
e nesta grande nau,
redonda como o sonho
de todas as infâncias,
o coração aquece
e nós temos os olhos
e os ouvidos atentos
a tudo o que acontece.
Aqui não há distâncias
entre nós e o palhaço
que tropeça, tropeça,
sem chegar a cair
e que chora em repuxo,
a fingir, a fingir.
E os miúdos a rir
e os graúdos a rir.
Desta vez é que vou.
Vou partir com o circo.
Vou tocar o trompete,
vou vender chiclete.
Pinto as unhas de verde,
calço as botas de cano
com que sempre sonhei,
ajudo a desdobrar
o tapete do mágico
com que vai ocultar
a hora de cortar
a mulher deslumbrante
em três partes distintas.
E o público a pensar:
se algo correr mal,
como é, coitadita,
quem a vai consertar?
E eu por dentro de tudo
a saber como é.
Desta vez é que foi.
Já tenho o meu lugar
neste mundo em viagem,
bem dentro da miragem
que só tem uma margem:
a do lado de lá,
onde a pomba e o leão,
o camelo e o cão,
conhecem a Mimi
a trepar pela corda
e a acenar com um lenço,
e o palhaço que chora,
e o menino que ri,
e a menina bonita
no cavalo a correr.
Fui com o circo de vez.
Quando me anunciar,
o homem do turbante
vai dizer como faço
um número importante:
“Se subir é difícil
descer é bem pior!”
E o rufo do tambor
a engrossar o tremor
nos assentos de pau,
nos remendos da nau
que amanhã partirá
p’lo mundo, onde haverá
sempre alguém a dizer:
(baixinho é bem de ver
não vá alguém ouvir)
Vou partir com o circo,
desta vez é que vou,
ninguém me irá deter.
É entrar, é entrar,
meus senhores, é entrar!
O maior, o maior
espectáculo visto
não tarda a começar!!
Num registo um pouco diferente do habitual, hoje convido-vos para uma ida ao circo. O maior espectáculo do mundo anda por aí. Se eu demorar um pouco mais, não se assustem. Talvez me tenham passado a chamar Mimi. Por uns tempos. Só por uns tempos. Entretanto, que a Magia vos acompanhe.
Licínia Quitério
26 comentários:
encantada com o convite, minha cara Mimi-la-Jolie!!!!
para quando, o embarque? estou impaciente.
grande abraço.
aquilária, La Petite Garçonne de la Trompête.
:)
reservo uma cadeira na primeira fila. e prometo declamar o teu poema. fazendo de palhaço pobre...
FELIZ NATAL!
Cara Licinia, la vida es un circo. Y son necesarios payasos que hagan reir, que intenten poner sonrisas, robar tristezas y devolverlas hechas alegría.
Acepto la invitación, quiero ser sembrador de alegría.
Un fortísimo y navideño abrazo.
minha querida Licinia, o Pai Natal passou pelo meu blog e pergunta que prenda queres.
beijos MDB
Um Santo e Feliz Natal.
Até breve..Se Deus Quiser.
bjs
Malgré tout...il y le cirque!
Um grande abraço, tens uma versatilidade (acutilante), um espanto ler-te!
Excelente ideia!
Boas Festas amiga, beijinho:)
Mas que ironia...
Se demorares um bocadinho mais, é porque a tua vida precisou de ti um bocadinho mais também. É natural. E bom!
O poema está incrível. Li-o duas vezes antes de te escrever, e não me vou sem uma terceira.
Vim também agradecer-te a presença tão afável e o incentivo, não querendo que a minha posterior ausência surpreenda quem faz o favor de me acompanhar tão bem.
[Já agora - apaziguando - o amargo "ali" era passado, o presente doce, muito! :-) Com dois tempos distintos a cruzarem-se, e certamente que pelo meio algo de "vou partir com o circo, desta vez é que vou, ninguém me irá deter" se passara... De outra forma não seria possível! :-)].
Ça y est!
Grata pelo momento onde "não há distâncias entre nós e o palhaço"...
"O Palhaço é um Poeta em acção".
(Henry Miller, in o Sorriso aos Pés da Escada).
Um Bom Natal, uma Vida Feliz e um Grande Abraço!
Paula
Belo convite, já tenho saudades de levar os meus filhos ao circo...
Desejo um Santo natal, e que 2007 seja melhor em paz, e muita luz para as almas.
{{coral}}
Há cores e há luzes, há trapézios e tapetes, palavras e silêncios. A memória é o espelho onde se acham os ausentes...
Aqui, a magia do Circo escorre da poalha dourada do poema...
(não são precisas palavras novas; perduram ecos)
Mimi? Tu?! Estás mais pra Magia, amiga querida!
Tudo de bom pra ti. No Natal a magia, o encanto do Circo: valeu!
Um beijo carinho e agradecido por todas as partilhas maravilhosas que encontramos por cá.
Inté.
Pós de perlimpimpim andam pelo ar.
puf
(bj)
... à margem deste post -que estou de férias do virtual, direi que
comovido fiquei eu com as palavras que deixaste no "fantasias". Os meus textos só são possíveis porque a maioria de quem os lê e comenta (e pela qualidade dos seus posts), me desafia a desenvolver (no meu entender) um interessante, gostoso e lúdico diálogo.
"Sem fantasia" de espécie alguma, eu é que me sinto honrado por dialogar com a autora de um dos blogs mais bem conseguidos que vou lendo desde que cheguei à blogsfera.
Votos de boas festas e um abraço de amizade virtual do
Alberto Oliveira.
Espero Mimi que o teu regresso não tarde. Também gosto de poesia e fiquei deslumbrada com "O Circo". Ontem, hoje e sempre! Lembrei-me dos dias passados no Coliseu de Lisboa, encantada com os palhaços, agarrada às mãos da mãe.
Um beijo. Um Santo e Feliz Natal!
querida licínia. especialmente para lhe desejar um santo natal. genuíno momento de reconciliação. que estes dias sejam realmente felizes para si. sinceramente. um beijinho.
Afinal, o melhor Circo está aqui.
Trepidante, ofuscante, trágico e cómico. Cheio de vida.
Feliz Natal e um óptimo 2007. Com magia!
Beijos
FELIZ NATAL e BOM ANO NOVO.
Manuel
Licínia,para ti, uma prenda!
O meu sorriso!
Em Portugal, a tradição repete-se um pouco por todo o país, embora nas grandes cidades tudo se passe numa atmosfera essencialmente cosmopolita. As ruas iluminam-se de lâmpadas translúcidas e cintilantes como auroras boreais. Dir-se-ia que as luzes trémulas aquecem os corações mais cépticos e solitários.
No dia vinte e quatro ao final da tarde, HOJE toda a família se reúne. Alguns deixam as cidades e partem para o campo. Outros atravessam o mundo para voltar ao seu país, por poucas horas. Fazem-no com a esperança de reviver lembranças de uma vida.
Sensivelmente por volta das vinte e uma horas, a grande família reencontra-se à mesa: bombons de cores e sabores variados para os mais pequenos, frutos secos e cristalizados para os mais crescidos.
Come-se o tradicional «Bacalhau à Portuguesa»: bacalhau cozido, batatas, couve portuguesa, cenouras e ovos. Tudo, acompanhado generosamente pelo bom azeite.
Chega então a sobremesa! Uma enorme mesa, pródiga das mais belas iguarias da doçaria portuguesa: rabanadas, aletria polvilhada e aromatizada com canela, farofas, fios de ovos, sonhos, pudim conventual de ovos... Excêntricos requintes para o paladar!
O célebre Bolo-Rei partilha desta tradição e os mais velhos e apreciadores acompanham-no com um cálice de perfumado vinho do Porto.
À meia-noite, tocam à porta... e o Pai Natal - um familiar disfarçado por trás de uma longa barba branca e vestido a rigor - faz a sua entrada, soltando o tradicional e esfuziante:
- Ho! Ho! Ho!
Os miúdos despertam, e enchem os olhos de estrelas brilhantes. Os gritos de espanto, alegria e excitação espalham-se pela casa. É o momento mais belo da noite! A hora do encantamento!!
Depois, cada um regressa a suas casas...
A mesa deixa-se posta e guarnecida. O frio gela... mas as mãos aquecem nos afectos e os olhos transformam-se em estrelas tremulares de mil tons e transparências de cristais.
BOAS FESTAS. Beijos e abraços.
Bom dia amiga!
O Natal já passou...é sempre assim, agora vamos pensar no 2007, que seja feliz!
Beijinho:)
BOM ANO !!!
Paz,
Saúde,
Amor,
Amizades,
Magia,
Arte
e
Música !!!
Aqui, assim, Apeteço-te Felizes todos os dias, que não só estes em que todos transpiram a euforia que no resto do ano retraem dentro de si próprios.
É preciso construir os dias na Esperança de que a Luz faça o caminho para a Felicidade.
Um beijo em ti.
(hei-de voltar. têm sido tempos muuuuuuuuito atarefados, como deves calcular pelas mudanças anunciadas, mas tudo está indo al lugar, voltando ao sossego...)
Estimada Mimi:
Hoje comprei um bilhete (num dos lugares da frente) para a ver naquele que dizem ser -e os anúncios assim o reclamam, o espectáculo que chegou ontem à minha cidade, "o maior, o transcendental, o fenomenal e incontornável número de uma amazona e os seus 20 (vinte!) cavalos selvagens!"
Aqui para nós, Mimi, nunca esperei vê-la a actuar num circo. Que a gente habitua-se às suas letras e não a imagina de pé! no dorso de um daqueles enormes bichos. É a imagem que o cartaz mostra, como deve saber... com um faz-tudo no meio da pista olhando-a com ar incrédulo.
Mas como já nada me surpreende, às vinte e uma e trinta lá estarei a vê-la actuar e depois desejar-lhe um Ano Novo muito feliz e que deixe o circo, os equídeos e o faz-tudo e volte ao grande circo da blogosfera para a gente dialogar um bocado mais.
Até 2007 (que é já ali à esquina... )e um abraço do
Legível
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