Sou do tempo da negrura
dos becos nas cidades
cansadas de bandidos
Era quando se dizia bidon-ville
ou nova-iorque ou liberdade
com os dentes cerrados
com as portas cerradas
Era um tempo de carroças
de ciganos atulhadas
de cantares e imprecações
Foi um tempo de amarrar viagens
nas varandas altas
dos aeroportos
nos cais imensos
dos comboios imensos
de mais partidas que chegadas
Sou também do tempo
do incêndio das papoilas
do fundo respirar dos becos
da alegria dos escravos
e do susto dos faraós
Nesse tempo soubemos abraçar
com igual ternura
a ferrugem dos cascos dos navios
e a velha prostituta de amesterdão
Sou ainda deste tempo em que me sento
na cadeira-baloiço de um cow-boy
e espero novas de darfur ou bombaim
Vou ficar neste tempo de remorso
e de preguiça como um deus a descansar
dos becos nas cidades
cansadas de bandidos
Era quando se dizia bidon-ville
ou nova-iorque ou liberdade
com os dentes cerrados
com as portas cerradas
Era um tempo de carroças
de ciganos atulhadas
de cantares e imprecações
Foi um tempo de amarrar viagens
nas varandas altas
dos aeroportos
nos cais imensos
dos comboios imensos
de mais partidas que chegadas
Sou também do tempo
do incêndio das papoilas
do fundo respirar dos becos
da alegria dos escravos
e do susto dos faraós
Nesse tempo soubemos abraçar
com igual ternura
a ferrugem dos cascos dos navios
e a velha prostituta de amesterdão
Sou ainda deste tempo em que me sento
na cadeira-baloiço de um cow-boy
e espero novas de darfur ou bombaim
Vou ficar neste tempo de remorso
e de preguiça como um deus a descansar
Licínia Quitério
15 comentários:
gostei muito de sentir o tempo que flui nas tuas palavras, como se no sítio do poema não passasse tempo e aqui fosse a fonte da eterna juventude. votos de bom descanso *
São tempos e todos os tempos. Uns que assistimos de dentes cerrados e outros com o coração cheio de esperança de os ver mudados.
Poema bem construido e forte. Gostei
Bjos.
Ah e porque cuasa deste s tempos lembrei-me du "temps des cerises", da Comuna de paris
Pela volta do tempo te esperamos. Porque sabemos o sabor.
Recordamos a recordação.
Fica e volta, bem. Bjinho
teu é, também, o tempo de escrever chamas altas no vento. ainda ardem as fogueiras, mesmo quando os deuses descansam sobre as águas.
abraço
Com saudades da Saudade!...
Um belo retrato sépia, esbatido e esboroado, mas pleno de odores e sabores...
Abraços.
Brilhante poema, Licínia Quitério. As palavras são usadas por si com a sabedoria com que os grandes mestres esculpem as estátuas.
Um beijo.
vejo-te num filme...
africa minha...?
*
beijO
São tantos os tempos das nossas vidas! Os tempos impetuosos, angustiados, os tempos de acalmia, de nostalgia,de...de...
Fica então a descansar mas espero que venha em breve o tempo de te ler. **
que poema fantástico. ao mesmo tempo, passaram-me pelos olhos as imagens de comboios atulhados de emigrantes, como nos anos 60 em portugal, as fotografias de portugal antigo
como num tempo sem tempo
um grande abraço
jorge vicente
Olá poetiza, terás já publicado algum livro...?
Doce beijo
Tempos de luta e amargura, tempos de papoilas vermelhas. E estes tempos... E a tua vontade de descansar. Compreensível. Mas não nos prives das tuas palavras.
Beijos
Tempo de passados, por vezes tão presentes.
Lindíssimo. Beijinho Amiga*
que beleza as papoilas acesas entre trigais. que nunca debotem na sua de cor festiva insubmissão!
Mas esse tempo é tão actual! Afinal o tempo não passa, ou não muda.nada.
(Adorei o poema...tem tanto ritmo que o cantei!)
Beijinho
Aos deuses é dado o privilégio do descanso; aos homens, não.
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