28.11.08

FRAGILIDADE


Repetidamente falo de plantas verdes e de muitas águas.
Alongo os braços sobre os lagos e as gotas de regresso trazem o agudo desejo de subida.
O rumor imperceptível das avencas anuncia vertigens na humidade dos poços.
Nas manhãs sonolentas um vapor de lágrimas aflora a pele dos pântanos.
Falo dos rios para dizer nascer da terra e fazer-se mar.
Quando a chuva bate nas vidraças o húmus da noite acorda sob a casa. É quando afirmo a fragilidade da canícula.

Licínia Quitério

15 comentários:

© Maria Manuel disse...

a água e e o verde da terra são a fecundidade da natureza.

hfm disse...

Um texto enxuto,belo e tão poético!

Maria disse...

Dos rios paridos pela terra desaguando na vida!
Belo texto.

Um beijo, Licínia

Marco Rebelo disse...

obrigado Licinia :) pra ti tambem

bettips disse...

Com a delicadeza da água, ou da lágrima, fecundamos pensamentos.
Secos.
Solitários.
Límpida lágrima/água que se faz ao largo, ao encontro de outras.
Um grande mar de nós.
Bjinho

Anónimo disse...

Nesta manhã chuvosa e por sugestão da minha amiga Maria Carvalhosa, decidi fazer uma visita à poesia de Licínia Quitério e acreditem que estou de facto feliz.
O calor e a beleza das metáforas apagou o frio que teimava em colar-se à pele.
Há uma beleza constante nos vocábulos que se vão emparelhando até nos fazer chegar à emoção.
Parabéns.

Alberto Pereira

Era uma vez um Girassol disse...

Querida Licínia, é sempre um prazer ler as palavras que escreves com tanto talento e sabedoria.
Vai ao girassol, há bolo e uma flor para ti.
Beijinho

Graça Pires disse...

É quando todos os rios do mundo nos nascem por cima dos olhos...
Um beijo.

Mar Arável disse...

Do ventre até à foz

como sempre disse

àcerca dos rios

M. disse...

Delicadeza profunda. É isto que apenas sei dizer do teu texto.

vida de vidro disse...

Falas dos rios pelo que aspiram ser, pelo sonho que representam. Um texto de beleza inexcedível. **

Manuel Veiga disse...

poema-húmus...

na delicadeza das avencas.

belíssimo.

beijos

Alberto Oliveira disse...

... finalmente o verde em todo o seu esplendor! apesar de (como canta o outro) "frágil, sinto-me frágil... " revigoro-me com tal fragilidade canicular


na bancada suoerior de Alvalade.



beijinhos e sorrisos.

Marinha de Allegue disse...

bendita fraxilidade que nos humaniza día a día momento a momento...

fermoso post.
Beijos Licínia
;)

Arábica disse...

Os verdes enchem-te os olhos, Licinia...

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