12.2.09

CLARISSE 3


Clarisse pronunciava amarílis com prazer e recato. Não se atrevia a tocá-las, que aquele esplendor fazia temer a queima dos afagos. Tardes de Verão a reclamarem o resguardo de fetos e de canas bravas. Foi no ano em que o verdilhão nidificou no grande cedro e declarou que não entendia as dúvidas dos humanos. Um Verão prenhe de fábulas e de assombrações de luar na intimidade dos claustros. Clarisse começou a escrever um conto sobre a menina que se perdeu no escuro e as mãos feiticeiras que a trouxeram de volta à infância da água. Ainda não o terminou. Não será hoje, que Clarisse adormeceu sobre os álbuns, atordoada pela vibração das amarílis.

Licínia Quitério

17 comentários:

Paula Raposo disse...

Tão belas as tuas palavras! Beijos.

jorge esteves disse...

História com cores de camélia (por que há-de a camélia ser a minha flor do Romantismo?...):
'Aquilo que Eu não sei, é a minha melhor parte!, disse, um dia, uma outra Clarisse.


abraços!

hfm disse...

Quando regressar lerei tudo.

Um beijo

Justine disse...

Mas um dia esse conto será terminado, tenho a certeza. E com final feliz.
Beijo

bettips disse...

Tens o dom de poetar nos túneis das palavras ("desejo" e "desejado" ...).

Clarisse nunca vai dormir a não ser para o sonho. Ela nunca entenderá, como o pássaro, as dúvidas dos humanos.
Bjinho

Anónimo disse...

Gostei dessa fluência de palavras.
Os meus parabens nao so por isso mas pelo blog em si! ;)

Está a ser feito um bom trabalho ate agora :)

Os meus parabens.

Eu entretanto proponho uma visita ao meu cantinho :) Contém crónicas e tops com relativo (e improvável xD ) humorismo. Vale a pena uma vista de olhos, pode ser q aches interessante :D

Cumprimentos! @

Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) disse...

"Formosam resonare doces Amaryllida silvas"

E dito isto, Títero e Melibeu viraram as costas à pobre Clarisse, que ajeitou os álbuns em forma de almofadas predispondo-se a sonhar com o Verão, e foram curtir as suas mágoas para a tasca do verdilhão.

Maria disse...

É tão bom ler a tua Clarisse...
... dará lugar a um livro?
:)))

Um beijo

Graça Pires disse...

"prenhe de fábulas e de assombrações" é este teu conto que sigo com toda a minha curiosodade.
Um beijo Licínia.

Manuel Veiga disse...

Clarisse voa nas asas do verdilhão. suspensa. entre as memórias de hoje. e as cores de amanhâ.

...em delicadas vibrações!

soberana. a tua escrita.

beijos

vida de vidro disse...

Contigo olho os álbuns. Um dia Clarice acabará a história da menina. Mas não decifrará as assombrações do luar. Esses são os mistérios da vida. **

Mar Arável disse...

Ainda bem que nem todas as vibrações são visíveis

mesmo por dentro das paçavras

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

um prazer ler , Clarisse aqui, outra, que me desassossega tanto como a Lispector!
cordialmente

__________ JRMarto

© Maria Manuel disse...

Clarisse está a crescer, sensível^`as flores, as cores, à imaginação. que terá para nos contar?

De Amor e de Terra disse...

Há sempre vibrações de flores, coloridas e cheirosas, ou não, consoante os nossos sonhos...e Clarisse não foge à regra. Clarisse sonha, poisada ou pairando por cima das fotografias ou do passado.

Muito bom,SEMPRE!

Beijos

Maria Mamede

M. disse...

Da frescura da Natureza. E aquela gota vermelha ali, que bonita!

De Amor e de Terra disse...

Na minha antiga casa, havia vasos com Amarilis, uns vermelhos e outros laranja.
Sempre os achei belos, mas nunca os amei como Clarisse.

Bj

Maria Mamede

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