Chegou o tempo de visitar o sótão
onde ficaram presos, mutilados,
os dias da abundância e da aventura.
Do antigo fulgor, um brilho leve,
envergonhado, a recordar
as horas sensuais da seda pura.
Pela noite, o corpo era a ardência
da haste e a frescura dos ramos
e os olhos água com medo da ternura.
Da festa só ficou o cheiro bafiento
das arcas guardadoras de bragais
e as cores dos óxidos a devorarem,
ímpios, a luzente alegria dos metais.
Licínia Quitério
16 comentários:
Amiga
Este metal fez-me lembrar o tacho de cobre da minha bisavó sempre bem areado com "solarine" e onde brilhava o arroz-doce em dias de festa.
O texto chega a saber à flor de laranjeira com que se aromatizava o doce.
Obg
Aromas de
PÉTALA
Felizes os sótãos que abrigam tão valiosas "pérolas"!
Beijinho de gratidão por sua simpática visita - fico feliz por também apreciar a minha escolha.
Olá amiga. Acabo de chegar e vou continuar a visitar este sótão onde brilham maravilhosos poemas. Um beijinho.
GOSTEI MUITÍSSIMO DO SEU POEMA.PODEREI DIVULGAR UM DIA DESTES? BEIJO AMIGO
Que ternurenta a tua visita ao sótão... trouxeste-me memórias antigas. Guardadas (eventualmente) nalguma caixa, no meu sótão.
Um beijo, Licínia.
Amélia,
Com todo o gosto.
Um beijinho.
Ah,vieillir (como diz o Brel)!
Parece ficar mais fácil, na beleza do teu dizer. O lamento, contudo, está lá!
É sempre bom visitar o sótão, depósito de alguma coisa que nos trás boas ou mesmo más recordações, mas que fazem parte da nossa memória..
Muito bonito este poema.
Beijo amigo
Cheira a saudade...
Lindo, Amiga.
(Não te esqueças de apanhar as aboboras, e o resto...eheheheh)
Beijinhos*
belo perfume que exalam as arcas de um sótão assim cuidado.
as cores lá estão. apesar dos inevitáveis óxidos...
belíssimo.
beijo
que belo poema de memórias, um sótão pleno de fantasias.
beijinho, Licínia.
Um sótão que dá gosto visitar.
L.B.
Um poema com lembranças antigas que trazem para o presente a comoção da vida...
Um beijo, Licínia.
Importante é a forma como se visita. Ou como se descreve, ou se escreve, a visita. E até como se ilustra o sótão. Um excelente exemplo, o teu.
Belíssimas imagens encontro neste teu poema. E a fotografia tão bonita que dialoga com as tuas palavras. Quase um silêncio.
acesas estão as memórias
no coração
uma arca de oiro
que alimenta
a emoção
beijo
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