Deixem-me ser a alegria da magnólia no estertor do inverno. Assim rosada, virada aos céus, livre de folhas que só depois virão. Depois de mim, do meu esplendor, da branca solidão, depois do amor guardado na raiz, do suor da festa dos rapazes, do riso da festa das raparigas, da partida demorada dos velhos, da partida súbita dos novos, dos livros duas vezes lidos, do grito dos pobres na aresta da fome. Deixem-me estar, plantada à beira vida, solene e intensa, perfumada e limpa, sem outro anseio que o regresso das canções em bando, da gravidez aveludada das mulheres, da generosidade dos insectos em novas primaveras. Deixem-me. Eu sou assim...
Licínia Quitério
7 comentários:
"Plantada à beira da vida! - belíssimo!
És assim e gostamos de ti como és. Poeta sentada à beira vida clamando pelos sonhos...
Um grande beijo, Quitéria.
nunca a magnólia se vestiu de cores tão belas!...
todo o explendor da Palavra poética. em ti...
beijos
Lindo! Suave como a magnólia florida em antecipação da primavera.
Um beijo
...e que os deuses assim te conservem!
Muito belo, Licínia. A cor e a luz nas tuas palavras.
Assim (te) gostamos, magnólia primeira em promessa de folha para nossa esperança.
Bj
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