13.2.11

DEIXEM-ME




Deixem-me ser a alegria da magnólia no estertor do inverno. Assim rosada, virada aos céus, livre de folhas que só depois virão. Depois de mim, do meu esplendor, da branca solidão, depois do amor guardado na raiz, do suor da festa dos rapazes, do riso da festa das raparigas, da partida demorada dos velhos, da partida súbita dos novos, dos livros duas vezes lidos, do grito dos pobres na aresta da fome. Deixem-me estar, plantada à beira vida, solene e intensa, perfumada e limpa, sem outro anseio que o regresso das canções em bando, da gravidez aveludada das mulheres, da generosidade dos insectos em novas primaveras. Deixem-me. Eu sou assim...

Licínia Quitério    

7 comentários:

hfm disse...

"Plantada à beira da vida! - belíssimo!

Graça Pires disse...

És assim e gostamos de ti como és. Poeta sentada à beira vida clamando pelos sonhos...
Um grande beijo, Quitéria.

Manuel Veiga disse...

nunca a magnólia se vestiu de cores tão belas!...

todo o explendor da Palavra poética. em ti...

beijos

Lídia Borges disse...

Lindo! Suave como a magnólia florida em antecipação da primavera.

Um beijo

Justine disse...

...e que os deuses assim te conservem!

M. disse...

Muito belo, Licínia. A cor e a luz nas tuas palavras.

bettips disse...

Assim (te) gostamos, magnólia primeira em promessa de folha para nossa esperança.
Bj

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