8.6.11

TEM DE HAVER UM POEMA



Tem de haver um poema numa pedra de sol,
numa gota de sal, num riacho a florir.
Bem por dentro do vento, há-de estar uma pluma.
Abre a mão e verás uma ave do sul a piar, a piar.
É um espinho, um soluço, uma seta, um trovão?
Um passado, um caminho, uma luz, um porvir.
Música tem de ser o crocitar do corvo,
o choro dos escravos, a saudade, a saudade.
O rosto da infâmia, as mãos da crueldade,
o dorso da inveja, o ventre suicidado.
É urgente o instante de agarrar o poema,
desvendar a palavra, vesti-la, devorá-la,
fazer com ela amor.
Esperar a chuva e a serenata, a tília e o luar.
O inominado, o inacabado, o imperfeito,
a vida.

Licínia Quitério

9 comentários:

hfm disse...

Na palavra da vida ou a vida na palavra! Que belo poema!

Manuel Veiga disse...

que o poema saia à rua! e a poesia se coma...

belo e gratificante poema. como bálsamo.

beijos

Justine disse...

Que força, que beleza e que lucidez, Licinia.Tem de haver um poema, sim, se não que seria de nós!
Obrigada por escreveres assim:)))

Mar Arável disse...

É urgente apoesia

Bj

M. disse...

Tem de haver um poema dentro de cada um de nós. Por aí se começará, penso eu.

Graça Pires disse...

Na tua voz há sempre um poema que te torna humanamente Poeta.
Um beijo, Licínia.

Benó disse...

Sim. Tem de haver um poema. Há sempre um poema em tudo que nos cerca.É preciso saber interpretá-lo.
Creio que sabes fazê-lo bem.

José Carlos Brandão disse...

Li e reli vários poemas seus, sempre com renovado prazer, sentindo uma poesia feita com mão firme, experiente.
Abraços.

sandrafofinha disse...

Mais uma vez uma imagem super bonita e um poema mesmo espectacular!! É bom as pessoas que sabem escrever poesia,eu adoro livros de poemas. Um beijinho!! Fica bem querida amiguinha!!

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