12.9.11

CANSADO DA SUPERFÍCIE


Cansado da superfície 
assim dizia o homem
em  manhãs bafientas da estação.
Tardam as notícias do fundo
onde se prendem gritos e vontades
e os peixes dormem com os olhos
abertos dos esfomeados.
Dizia brancas mãos o homem
e chorava como choram os homens
na vastidão dos seus lagos
interditos.
Não será hoje o dia
de cortar as águas
que a faca da memória
ainda sangra.
Homem, as brancas mãos virão.
No fundo, os peixes dormem.

Licínia Quitério

5 comentários:

Justine disse...

Belíssima maneira de falar da lucidez, da procura do essencial, da recusa do aparente...

bettips disse...

Os teus peixes não dormem porque lhes falas. E os que te lêem também não porque desfias a breve impotência das águas, com voz severa ou mansa que se atreve a.
Desafiar.
Mar virá. Chuva. Água.
Lavar.
Bjs

Mar Arável disse...

Cansada da superfície

com peixes cansados do fundo

o teu poema sugere-me

o sentido do vvo

Um brasileiro disse...

oi. estive aqui dando uma olhadela. muito legal. gostei. apareça por la. abraços.

Manuel Veiga disse...

a atração das fecundidades. e dos vôos largos...

que habitam as mãos do homem.

beijos

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